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Blog do Vavá da Luz

LEITOR COMENTA SOBRE MATÉRIA E O BLOG RESPONDE NA BUCHA :O que significa a palavra “Deus”?

O LEITOR JOZEILDO DE A.MORAES, ASSÍDUO DESTE BLOG FEZ UM COMENTÁRIO NO WHATZAP E AGRADECENDO ESTAMOS DANDO-LHE ALGUMA SATISFAÇÃO.

Diz ele :

Seus comentários Vavá são muito pertinentes em sua maioria , acompanho seu blog, mas nesta matéria comparar o nosso prefeito ( no qual toda minha família votou ) ou qualquer homem com o Deus Pai é mais que uma hipérbole é uma heresia , Deus é Santo , infinito , soberano, onipotente , oniciente e criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, só estou fazendo está ressalva por ler o seu trabalho e admira-lo, você escreve muito bem é inteligente e muitos dos seus leitores tem sendo crítico o que contribui com seu excelente trabalho ; Obrigado

Digo eu :

Quem agradece sou eu Jozeildo Moraes, seu comentário também é muito pertinente, agora aqui pra nós e o povo da rua, precisava dizer que tinha votado no Prefeito(DEUS) com  toda sua família ? isso já passa a ser uma HIPÉRBOLE e se insistir nesta tecla assume  o sentido da HERESIA na expressão exata da palavra. Quanto ao ONISCIENTE você tem razão, o prefeito não está vendo tudo realmente.

O que significa a palavra “Deus”?

 
Certamente não há “uma” resposta para esta pergunta. Principalmente porque não existe nenhum parâmetro ou sistema de sentido a partir do qual se possa respondê-la de forma consensual. Em cada um dos sistemas de sentido e em cada religião esta palavra diz coisas ligeira ou totalmente diferentes entre si.
 
Para os propósitos deste espaço, a tentativa de resposta à pergunta não passa de uma proposta de redefinição. O contexto desta tentativa é o “todo” do conhecimento, definido em outro texto.
 
Aqui, “Deus” é uma palavra que não faz referência a um deus específico, por exemplo, o Deus pessoal do cristianismo ou qualquer outra divindade ou força divina. Mesmo assim, ela não é uma palavra vazia. Ela identifica aquela coisa “comum” a todos os seres humanos na busca pelo sentido do todo. É aquela coisa superior última, ou o fundamento último sobre o qual decidimos apoiar o conhecimento e, por fim, a própria existência. Agora, se esta coisa pode ser algo (ou alguém) transcendente ou se ela é imanente, isto é decidido pelo sistema de sentido do indivíduo em uma comunidade.
 
Mas, aqui, a palavra “Deus” também não se restringe apenas aos deuses referidos no parágrafo anterior. Ou seja, também tem um Deus aquele indivíduo que por causa do seu sistema de sentido não pode aceitar deuses transcendentes, deuses pessoais ou amuletos etc. Para este (e sua comunidade) “Deus” é aquilo que é o fundamento para o seu sistema de sentido. Isto poderia ser, por exemplo, o método científico.
 
Portanto, Deus aqui não designa um Deus ou deuses, e sim, aquilo sobre o qual descansa a necessidade humana de apoiar o seu conhecimento e a sua vida, antes mesmo de nomeá-lo. Esta “necessidade” é decorrente do “incômodo” sentido pelo ser humano diante do desconhecido (leia: O sentido das coisas I) e da incapacidade humana de alcançar a verdade acerca das coisas de forma imediata e inequívoca, tanto pela religião como pela ciência.
 
A religião tem dificuldade de aceitar esta definição porque o seu Deus é um conteúdo específico que exige maior ou menor exclusividade. Na ciência esta dificuldade reside no fato de ela, normalmente, se perceber (e até exigir) como livre de interferências humanas. Obviamente isto é uma idealização da ciência.
 
Mas, em ambos os casos, é possível imaginar esta definição como possível se, por um instante, cada qual permitir uma pequena brecha para o outro no seu sistema de sentido. Esta brecha também é possível porque nenhum lado pode afirmar a verdade. E ela é necessária para possibilitar o diálogo frutífero (não um monólogo ou uma imposição) entre ciência, religião, arte, senso comum, etc. Cada qual permanece com o seu Deus e uma eventual mudança acontecerá pela aceitação de um outro sistema de sentido vivo, fruto de diálogo, na tentativa de alcançar desta forma um sistema de sentido mais abrangente.
 
Portanto, no sentido aqui proposto, todos nós temos em nossa vida real um Deus, dando-lhe este nome ou não.
VAVADALUZ