“Alguém poderia avisar a Tropa de Choque que essa região faz parte do meu Tribunal do Júri e que se eles matarem esses filhos da puta eu arquivarei o inquérito policial”.
O autor desta “pérola”, Rogério Leão Zagallo, é membro do Ministério Público de São Paulo e é ele, como revelam hoje os repórteres Rogério Pagnan e Lucas Ferraz, da Folha, quem “será [o] responsável pela investigação dos PMs suspeitos de terem assassinado duas pessoas já rendidas na zona oeste da capital paulista”.
Mesmo que tivesse sido um “chilique” de engarrafamento, não é algo que se possa admitir em quem tem obrigação de zelar pelo cumprimento da lei.
Seria como um médico dizer que se “fulano fosse meu paciente eu cortaria suas tripas na mesa de operação”.
Mas isso não é tudo.
Em 2011, recorda a reportagem, aconselhou um policial civil que, para evitar um assalto, tinha baleado e matado um dos dois ladrões que “melhorasse sua mira” para matar logo os dois.
Não importa, a não ser para lamentar, quais sejam as convicções íntimas doentias do sr. Zagallo,mas é impossível que alguém capaz de expressar assim o seu “desejo de matar”não apenas criminosos, mas até mesmo manifestantes que lhe causaram um dissabor possa atuar como promotor de Justiça (?!?) e muito menos quando isso envolve o assassinato de bandidos já rendidos por policiais.
Não é possível que o espírito corporativo do Ministério Público faça a instituição tolerar este absurdo, em nome de sua independência.
E mais: é impossível que uma instituição, qualquer uma, tenha o poder de ser a única fiscal de si mesma, ainda mais quando como é, hoje, o Ministério Público, que tem o “direito” onipotente sobre toda a vida brasileira.
Porque – e qualquer um que trabalhe no campo do Direito e da Justiça sabe disso – trabalham em “dobradinha” (inclusive corporativa e salarial) com os juízes, e desgraçar-se com um promotor é quase escrever sua própria sentença.
Infelizmente não é só ao Dr. Zagallo que este país está tendo de engolir
Fernando Brito