O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta sexta-feira (7) que prefere “não polemizar” sobre o xingamento contra ele sussurrado pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) em discurso no plenário.
Em meio a uma série de críticas à forma com que Janot conduz as investigações da Operação Lava Jato, nesta quinta (6), o ex-presidente murmurou e chamou o procurador-geral de “filho da puta”.
Janot foi questionado sobre o tema em uma palestra a universitários de Belo Horizonte, mas disse que não responderia sobre pessoas que está investigando.
“Não polemizo sobre esses fatos contra a minha honra. Nesse momento, ele fez uma pausa e completou, arrancando risos da plateia: “E [contra] a honra da minha mãe também”.
Foi a primeira aparição pública do procurador-geral após ter sido o mais votado na lista tríplice para o cargo. Nesta sexta (7), a Folha de S.Paulo revelou que a presidente Dilma também decidiu pela sua recondução.
O procurador-geral obteve 799 votos, seguido de Mário Bonsaglia, com 462 votos. Raquel Dodge, em terceiro, recebeu 402 votos. Ao todo, votaram 983 procuradores, sendo que cada um pode escolher três nomes.
Janot terá que passar por uma sabatina e votação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e, se seu nome for aprovado, seguirá para análise do plenário da Casa onde precisará de pelo menos 41 votos dos 81 votos. Dos 27 titulares da comissão, oito são investigados por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras.
Na palestra em Belo Horizonte, ele disse que prefere se manifestar sobre a possibilidade de recondução apenas no final dos procedimentos.
DELATORES
Ele falou por mais de uma hora e saiu sem conversar com a imprensa após uma série de fotos com os estudantes. Em seu discurso, comentou sobre mudanças administrativas que fez no Ministério Público Federal e criticou quem trata as delações premiadas como “caguetagem “.
A expressão já foi usada pela presidente Dilma Rousseff ao se referir a delatores da Lava Jato.
Ao ser indagado se sofre com pressões políticas, Janot disse que “existe pressão, como no trabalho de cada um de vocês”, mas que “chega em casa e dorme profundamente”.
Jornal do Comércio