Acordo feito entre agentes da polícia e advogados do tucano previa que ele se entregasse na manhã desta quarta-feira (23); policias estão nas ruas em busca do ex-governador, que não voltou ao seu apartamento desde terça

O deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no mensalão mineiro
Agência Câmara

O deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no mensalão mineiro

Sem notícias sobre o paradeiro do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), a Polícia Civil já o considera foragido. Após ter sido expedido um mandado de prisão contra o tucano pelo Tribunal de Justiça nesta terça-feira (22), agentes da polícia negociaram com seus advogados e ele deveria se entregar voluntariamente na manhã desta quarta-feira (23), em qualquer delegacia. Contudo, até agora, isso não aconteceu.

Eduardo Azeredo , que também é presidente nacional do PSDB, tentava um último recurso de sua condenação – que foi negado por decisão unânime do Tribunal de Justiça do estado – por desvio de verbas e lavagem de dinheiro no âmbito do chamado “mensalão tucano”.

A Polícia Civil ainda não teve notícias sobre o ex-governador mineiro e não consegue contato com os advogados. Policiais estão nas ruas de Belo Horizonte em busca de Azeredo, que não aparece em seu apartamento desde a tarde de terça-feira.

Azeredo foi condenado a 20 anos e um mês de prisão. Ainda não foi divulgado em qual presídio ele ficará detido, nem para onde foram enviadas as viaturas.

Após ser detido, ele será submetido a exames no Instituto Médico Legal (IML), e só então será encaminhado à prisão.

Investigações

De acordo com o Ministério Público, Azeredo desviou cerca de R$ 3,5 milhões de três estatais mineiras: a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) e o extinto Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), durante sua campanha fracassada para reeleição ao Senado em 1998. Na ocasião, perdeu para Itamar Franco (PMDB).

Os recursos das estatais foram transferidos para empresas do publicitário Marcos Valério, operador do esquema de corrupção e que, no futuro, estaria também implicado no chamado “escândalo do mensalão”.

A denúncia foi oferecida pela Procuradoria-Geral da República em 2007, quando Eduardo Azeredo  era senador. Em 2010, ele foi eleito deputado federal e exerceu o mandato até renunciar, em 2014.

A calculada renúncia de  Azeredo levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a encaminhar a ação à Justiça mineira, já que ele não mais contava com a prerrogativa de foro privilegiado.

Condenado em 1ª instância, Azeredo recorreu, mas viu sua condenação ser confirmada na segunda instância. Após outra rodada de recursos, os desembargadores mantiveram a condenação e, seguindo o entendimento corrente no Supremo Tribunal Federal, que permite a prisão após o encerramento dos recursos na 2ª instância, emitiram ordem de prisão contra o tucano.