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WILLS LEAL – UM INCANSÁVEL AGITADOR CULTURAL (Rui Leitão)

 

O jornalista, crítico de cinema e escritor Wills Leal deixou sua cidade natal, Alagoa Nova, quando concluiu o curso primário, vindo morar na cidade que se tornou sua paixão, a capital paraibana, onde completou seus estudos no Liceu Paraibano e graduou-se em Filosofia, tornando-se, posteriormente, bacharel em Línguas Neolatinas, na UFPB. No jornalismo suas atividades se iniciaram como revisor do jornal O Norte, estimulado por seu tio, José Leal, considerado o decano da imprensa paraibana. Além de colunista, assinando página dedicada ao turismo, foi também o primeiro “ombusdman” do jornalismo impresso da Paraíba. Nessa área atuou por bastante tempo como presidente da Associação Brasileira de Jornalista e Escritores de Turismo (ABRAJET).

Suas atividades no ramo do turismo concorreram para que fosse convidado, pelo então Governador Ivan Bichara, para exercer o cargo de Diretor de Eventos e Operações da Empresa Paraibana de Turismo, quando da sua fundação.

Não havia um movimento em defesa do nosso patrimônio histórico, cultural e artístico que não contasse com o envolvimento entusiasmado dele, incentivando o folclore, a literatura de cordel, o artesanato, o carnaval e outras manifestações populares. Foi um dos fundadores do Clube dos Solteiros, instalado na Boate Maravalha, na praia de Tambaú, formado por cerca de quarenta rapazes considerados “solteirões”, sendo o único que permaneceu sem casar até o fim da vida.

Inquieto e ousado, estava permanentemente participando de grupos que se mobilizavam para criar instituições culturais, dentre as quais a Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba, a Academia Paraibana de Cinema, o Conselho Estadual de Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) e a seccional paraibana da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet-PB), tendo sido responsável por projetos como Roliúde Nordestina, Festcine Digital do Semiárido e Polo Hoteleiro do Cabo Branco. Um agitador cultural que se notabilizou por ser vanguardista.
Dentre os 25 livros que publicou, fizeram sucesso, “a Aventura do Amor Atonal” que promoveu fortes polêmicas nos meios literários, “O Tempo do Lança-Perfume”, “Elas só liam O Pequeno Príncipe”, em que narrava os bastidores dos concursos de beleza, dos quais, por três anos, foi o coordenador na Paraíba, e o “Brasil dos Anos Dourados”.

Sua trajetória de vida está contada no longa-metragem de Mirabeau Dias, intitulado “Atonal e Visionário”, onde ele concede uma longa entrevista. O cineasta Glauber Rocha, nos anos 60, em artigo publicado no Jornal do Brasil, afirmou que Wills Leal era um “versátil pombo-correio do cinema paraibano”.

Em 2020, o integrante da Academia Paraibana de Letras, Wills Leal, veio a falecer, aos 83 anos, após ter sofrido uma parada cardiorespiratória. Segundo Zezita Matos, era, “além de um agitador cultural, um intelectual que escreveu a história do cinema maravilhosamente bem, que criou a Academia de Cinema, da qual hoje eu sou presidente, era um cara que tem um acervo de tudo. Era um homem que sonhava e ainda tinha uma força que era invejável”. Ficou imortalizado na memória dos paraibanos.

Rui Leitão

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