Encontro tenso entre Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes reflete clima político polarizado.
Em mensagens privadas obtidas pela coluna, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e atualmente delator na ação que investiga uma tentativa de golpe de Estado, afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acredita que Jair Bolsonaro “acabou com a vida dele” e, por isso, estaria agindo por vingança.
Segundo Cid, Moraes teria feito um desabafo ao comandante do Exército, general Tomás Paiva, dizendo que sente raiva e ódio do ex-presidente. Essa conversa teria sido repassada ao general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, e posteriormente compartilhada pelo delator com o advogado Eduardo Kuntz, que representa o assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara.
Em um dos trechos mais fortes da conversa, Cid afirma: “Ele vai querer acabar com a vida do PR e do entorno”. As mensagens foram registradas em atas notariais por Kuntz e anexadas ao processo que investiga Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe.
A revelação ocorre em meio a uma disputa jurídica sobre a validade da delação de Mauro Cid. A defesa de Bolsonaro tenta anular o acordo de colaboração premiada, alegando que Cid não poderia ter mantido contato com advogados de outros investigados durante as apurações. No entanto, ministros do STF indicam que, mesmo que o delator perca os benefícios, as provas obtidas por meio da delação podem continuar válidas.
O episódio adiciona mais tensão ao já conturbado cenário político e jurídico envolvendo o ex-presidente. A possibilidade de que um ministro do STF esteja agindo movido por sentimentos pessoais levanta questionamentos sobre a imparcialidade do processo e pode influenciar os rumos da investigação e da delação de Cid.