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Blog do Vavá da Luz

UM JOVEM DE 129 ANOS

RAMALHO LEITE
Era uma quinta feira, 2 de fevereiro do ano de 1893, quando o Partido Republicano do Estado da Parahyba fez circular a primeira edição de A União. Na capa, os editores pediam aos seus leitores, “o obsequio de devolvel-o á respectiva typographia” no prazo de três dias. Não explicaram o motivo para essa restituição, mas o Walter Galvão, que foi diretor desta folha, acreditava que se tratava de uma pesquisa para avaliar o alcance do periódico.
Na edição inaugural, o novo órgão de imprensa traçava o seu perfil, e se identificava como veículo político-partidário, disposto a defender a agremiação e seus integrantes. O jornal e o partido eram um só corpo e um só espírito. Por isso, se dirigiu ao público leitor “não para anunciar qualquer nova transformação mas para configurar os motivos de sua origem, as formulas que condensaram os seus primeiros pensamentos, suas aspirações, no começo vagas, depois francamente definidas e encorpadas aos caracteres que dirigiam o movimento. A única modificação que lhe anunciamos, é a creação d´esta folha, poderoso meio externo da cohesão e disciplina partidária. Iremos à luz da imprensa, visitar os arrayaes de nossos amigos, e crear-lhes um centro de intelligencia, e de conselho. Iremos a mesma luz prestar nossa decidida cooperação ao illustre administrador do estado, o exm.sr.dr. Alvaro Lopes Machado. O nosso apoio igualmente ilimitado, e sem nenhuma reserva extenderemos ao benemérito governo da União, e ao glorioso chefe da Republica, Sr. marechal Floriano Peixoto”.
Da pia batismal aos dias de hoje, a linha editorial deste jornal permanece a mesma. Mudam os governos, mas sua fidelidade, jamais. A única mudança foi a oficialização dessa lealdade. Em determinado momento, o jornal do Partido tornou-se o jornal do Governo. A União publicaria além do noticiário palaciano, os atos emanados da administração pública. O Diário Oficial, em separado, é obra mais recente. O modelo serviu até para enriquecer nosso folclore político. Zé Américo, no Piancó, definiu o político Antonio Montenegro: “é mais fiel ao Governo que o chumbo do diário oficial”. Na minha irreverência já conhecida, prefiro dizer que A União “é o órgão mais independente que conheço: é do governo e não nega”.
No primeiro número do periódico, temos conhecimento de que, naquele ano de 1893 era Chefe de Polícia da Paraíba o dr. Antonio Ferreira Baltar; seu irmão, de nome Abílio Ferreira Baltar, nomeado Fiscal, realiza a primeira extração da Loteria, à época, uma concessão particular entregue a um felizardo chamado Bernardino Lopes Alheiros. O primeiro delegado da Capital era Francisco Chateaubriand Bandeira de Mello. O Assis, do mesmo sobrenome e criador dos Diários Associados, tinha, então, um ano de idade. Naqueles dias, por emissão de notas falsas, foram presos dois diretores de bancos nacionais; “as notas falsas do Banco Emissor de Pernambuco se distinguem pela imperfeição do mau papel”; o ministro da Fazenda manda que se recebam as notas do Banco Emissor, tidas como verdadeiras, até que sejam substituídas pelo Banco da República; é nomeado um novo diretor para o Banco da República, o Sr. Tomaz Coelho; o governador do Rio de Janeiro sanciona lei que transfere a sua Capital para a cidade de Theresópolis; morre a esposa do ministro da Guerra.
A denominação do jornal deve-se à união dos próceres dos velhos partidos, ao novo Partido Republicano comandado por Álvaro Machado. Estava fundado o porta-voz do Partido Republicano do Estado da  Parahyba que, neste mês de fevereiro completou exatos 129 anos, se renovando e ganhando nova roupagem sob o comando de uma equipe que se desdobra para oferecer seus melhores serviços à Parahyba do Norte. (Nas transcrições, mantive a grafia da época).