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TREM DO TURISMO PODE SE TORNAR UMA REALIDADE EM BREVE NA PB

TREM DO TURISMO PODE SE TORNAR UMA REALIDADE EM BREVE NA PB

Alessandra Lontra, Ivan Burity, Ruth Avelino e Vava da Luz

Imagine o turista que chega à Paraíba em cruzeiros, pelo Porto de Cabedelo, atravessar o Forte de Santa Catarina e depois pegar um trem, em direção ao interior. Pelo caminho, é possível apreciar a paisagem, conhecer a terra de Sivuca, a de José Lins do Rego e também, a Pedra do Ingá, candidata a se tornar Patrimônio da Humanidade. No que depender do secretário executivo do Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba, Ivan Burity, o trem do turismo logo se tornará uma realidade, ligando Cabedelo a Campina Grande.

O secretário explicou que o projeto é, na verdade, o resgate de uma ideia antiga. “Esse projeto eu tive a oportunidade de começar há 20 anos”, disse. Ele explicou que o trem, que hoje é conhecido como o Trem do Forró, e faz o trajeto de Campina Grande até Galante durante as festividades de São João, na verdade ligava a Rainha da Borborema ao Ingá. O trem foi instituído em 1988 pela Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), que na época tinha o próprio secretário como presidente.

“A ideia era de que o trem servisse ao São João durante a festa, mas também tivesse a perspectiva de criar o trem das Itacoatiaras para fazer um passeio ferroviário até a Pedra do Ingá, que é monumento belíssimo. Isso ficou lá atrás e depois, por degradação da linha férrea e desinteresse em seguir até o Ingá, o trem ficou somente até Galante e tem funcionado com sucesso. A ideia hoje é ir um pouco além, é não só restaurar Campina Grande, continuar não só até o Ingá, mas até Cabedelo”, contou, ressaltando que só há necessidade de restaurar a linha férrea até Cruz do Espírito Santo, uma vez que o trem já funciona em Santa Rita e Cabedelo.

Além do turismo, o veículo também tem a capacidade de trazer grandes benefícios de economia, mobilidade e logística para o Estado, podendo transportar passageiros urbanos, carga e turistas, com diferentes formas de uso.

“Você imagina, por exemplo, como cairia o custo do frete de granito, que é um material pesadíssimo, que se embarca via navio, e outras pedras de revestimento, outros minérios que Campina Grande produz no seu entorno. A região de Campina Grande é muito rica em minérios, e outros fretes de vários componentes que seriam agregados à possibilidade de conectar a cidade ao Porto de Cabedelo”, comentou Ivan Burity.

Para ele, com uma visão mais arrojada é possível imaginar até dotar Campina Grande de um porto seco, “onde um produto destinado a exportação poderia convergir para Campina Grande, fazer todo o despacho aduaneiro e já seguir em containers para ser embarcado em Cabedelo. Isso traria um ganho para a cidade, faria da cidade um polo comercial”.

INVESTIMENTO DE R$ 40 MI

Ivan Burity explicou que o custo para a restauração da linha férrea seria de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões. Já as estações ferroviárias, que têm potencial para serem atrações turísticas por si só, seriam reformadas pelas prefeituras de cada cidade por onde o trem vai passar: Cabedelo, João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, Cruz do Espírito Santo, São Miguel de Taipu, Pilar, Itabaiana, Mogeiro, Ingá, Fagundes, Galante e Campina Grande.

“O que estamos fazendo é convidar todos os prefeitos por meio do Fórum do Vale do Paraíba para que isso se torne um pleito mais robusto, que possa sensibilizar nossos parlamentares, quem sabe com uma emenda de bancada”, disse o secretário. Segundo ele, a ação junto às prefeituras já está surtindo efeito. “O prefeito de Itabaiana já está com a estação cedida à prefeitura e já está em processo de cessão a estação do Ingá, porque são estações antigas, então a estação por si só é uma atração turística”.

Ivan Burity contou que já foi solicitada uma audiência na rede ferroviária para saber qual o trâmite que precisa ser seguido, mas tudo indica que o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) poderia passar as ferrovias para o estado.

Quanto à Companhia Brasileira de Trans Urbanos (CBTU), que usa os trechos entre Cabedelo, Bayeux e Santa Rita para o transporte de passageiros, o secretário disse que já teve algumas tratativas com a instituição, e que eles não se opõem em compartilhar a linha nos horários ociosos. Procurada pela reportagem, a CBTU informou que não recebeu nenhuma proposta concreta sobre o projeto, mas está aberta a negociar.

GOVERNO GARANTE TRECHO

O secretário Ivan Burity afirmou que, no plano de governo, o governador João Azevedo já garantiu que fará a linha de Galante a São José da Mata, e como já existe a linha de Cabedelo a Santa Rita, ficam faltando apenas cerca de 83 quilômetros ligando as pontas.

“Eu vejo o trem com muita viabilidade, porque ele corta o Vale do Paraíba, ele passa na terra de Zé Lins, na terra de Sivuca, Itabaiana, Pilar. O berço da civilização canavieira, que é o berço da civilização paraibana, a nossa colonização foi o ciclo do açúcar, foi quando a nossa sociedade se estabeleceu no estado. E tudo isso estaria cortado pelo trem, por uma linha que já existe, precisa apenas de reparo”, disse. “Também precisa que a sociedade tenha conhecimento e pegue essa bandeira. Uma coisa é fazer uma linha, mas a linha está pronta”, completou.

Segundo Ivan Burity, uma vez que a linha esteja em condições de operação, vários empresários têm interesse em colocar os trens para circular. “E não vai ser aquele trem normal de passageiros, mas um trem adaptado, com vagão de restaurante, com comida, com bebida. De Campina Grande a Ingá são aproximadamente duas horas e meia de passeio. É um passeio belíssimo, parece que você está nos alpes, é encantador. Já quem vai de João Pessoa a Ingá tem uma visual bem agreste”, comentou.

O secretário também mencionou que o Porto de Cabedelo está sendo redimensionado e voltou a receber passageiros. “Estamos articulando junto com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para o desembarque ocorrer por dentro da Fortaleza [de Santa Catarina], porque é um monumento que também está concorrendo para Patrimônio da Humanidade, e esperamos que até junho já tenhamos esse arranjo”.

Bárbara Wanderley / 03 de março de 2019
Correio da paraiba