Muito além da maldade de gente boa, o governador João Azevedo e o jovem vice-governador, Lucas Ribeiro, tem demonstrado uma sintonia pessoal e administrativa que chega a ser rara na relação entre titular e vice.
E não por que João, em viagem para China, passou o cargo para Lucas assumir o governo do Estado por onze dias, antes uma obrigação constitucional. Mas pela forma como procedeu ao fazê-lo.
O governador sentou com o vice demoradamente para que ambos fechassem, a quatro mãos, uma agenda de trabalho útil e significativa para o período de interinidade, o que incluiu, por sugestão do próprio João, um roteiro de inaugurações.
Somente por afinidade e com confiança é que se age dessa forma.
Quem conhece um mínimo de política, e acompanhou episódios recentes da história da Paraíba, vai perceber que quando a relação não é boa o roteiro se apresenta diferente.
O próprio Lucas Ribeiro vivenciou isso diferentemente quando assumiu a prefeitura de Campina Grande na gestão de Bruno Cunha Lima. Prefeito interino, teve que “inventar” agenda para não passar como se de folga estivesse.
No exercício do cargo de governador, ao contrário, Lucas recebeu de João não só o aval, mas a sugestão para inaugurar, por exemplo, posto do Detran em Campina Grande, UTIs em Catolé do Rocha, fazer visita a obras em João Pessoa, Cajazeiras, Bom Jesus, Uiraúna e Sousa. E ainda incluiu a condução de Programa Semana do governador na Rádio Tabajara.
A relação de confiança, que já é percebida pelos mais próximos a João, confronta com o desejo, e o veneno, de alguns poucos que circundam a base governista na espreita de espaço entre o PSB e o Progressista para estacionar. Para ser mais específico, em respeito a quem não entendeu a piada, o Republicanos, por exemplo.
Há nos bastidores uma tentativa de deixar no ar os perigos que João corre em se desincompatibilizar do governo em 2026 para disputar o Senado Federal, oficializando Lucas Ribeiro como governador da Paraíba.
Com o gesto de agora, despretensiosamente, João e Lucas, mesmo sendo de gerações diferentes, sinalizam que tomaram a mesma vacina.
E ela, claro, amarga a língua de quem espalha o vírus.