Fotos: ASCOM/SEAP, Ednaldo Araújo e Josélio Carneiro
Quando pessoas se unem – por uma causa humanitária – acontecimentos especiais e inesquecíveis marcam pessoas para toda a vida, no caso aqui, homens em privação de liberdade e seus familiares.
O Centro Cultural São Francisco, um dos mais antigos ambientes na América Latina do ponto de vista católico, histórico e cultural, foi palco na tarde e início da noite desta quarta-feira, 3 de setembro de 2025, do primeiro casamento coletivo católico com efeito civil que levou ao altar dezoito reeducandos da Penitenciária Sílvio Porto e suas respectivas noivas, agora oficialmente esposas. Claro, acompanhadas de filhos e demais familiares.
Dentre aqueles dezoito homens e dezoito mulheres quais já conheciam aquele monumental ponto turístico da capital paraibana? Provavelmente nenhum. Dentre seus familiares quem já havia visitado o local? Talvez ninguém. Eis que por algumas horas se tornaram estrelas diante de autoridades e das câmeras de TV, alguns até concederam entrevistas.
Conheceram nada menos que um complexo franciscano com arquitetura de características barrocas compreendendo a Igreja e o Convento de Santo Antônio, três capelas de São Francisco, um claustro e um adro com um cruzeiro.
Deus permitiu que realizassem o sonho do casamento celebrado em lugar mais que especial. Detalhe, o casamento foi celebrado por Dom Manoel Delson, Arcebispo metropolitano da Paraíba. Quantas pessoas almejam casar ali e não conseguem! No meio de tantos convidados ilustres o desembargador Fred Coutinho, presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba. O governador João Azevedo foi representado pelo secretário chefe de Governo e ex-governador, Roberto Paulino.
Para a concretização dos sonhos dos dezoito casais muita gente trabalhou pela causa. Cito aqui algumas, a exemplo dessas duas mulheres especiais de muita luz: A juíza das Execuções Penais, Andréia Arcoverde e a assistente social Cizia Romeu. Mulheres que colocam muita luz e amor no que fazem pelo próximo. Um cidadão com olhar humanitário está fazendo a diferença no sistema penal paraibano, o secretário da Administração Penitenciária João Alves de Albuquerque. Desde que assumiu a SEAP-PB em 2002 tem assinado sua marca de gestor humano e justo.
Pois bem, os noivos e familiares após a cerimônia do casamento ainda se confraternizaram em amplo salão com direito a bolo de noiva, salgados, doces, refrigerantes e muitas fotografias.
O encanto, de certa forma acabou quando chegou a hora da separação: noivas, filhos, familiares saindo por uma porta e os noivos retornando à prisão.
Porém, o saldo é muito positivo! O casamento une, fortalece os laços familiares, conscientiza os reeducandos que passam a investir mais ainda em projetos de ressocialização com o objetivo de remição da pena para conquistar a liberdade mais cedo e correr para os braços da família e para o convívio da sociedade, na busca por reconquistar espaços no mercado de trabalho.
O que eles vivenciaram foram momentos mágicos, únicos em suas vidas. Aquelas crianças, adolescentes nunca esquecerão a festa cristã dedicada a seus pais e a eles.
Os casais também não. Realizaram um sonho jamais imaginado. Acredito que todo o processo da preparação dos casais, o casamento, têm um poder imenso de transformar vidas, unir mais fortemente aqueles homens e suas mulheres. Lições de vida para sempre em suas mentes, seus corações e isto tem o poder de mudar o presente e o futuro de seus filhos.
E tudo transcorreu em paz, a Polícia Penal mais uma vez cumpriu sua missão em grandes eventos.
Sim, elas e eles disseram SIM no altar perante o Arcebispo, família e autoridades. Que Deus esteja em seus corações mais que ontem e não menos que amanhã. Ressocializar é preciso e possível! Eu e muita gente acredita!