A reação do governo aos deputados de partidos que compõem a sua base na Câmara e assinaram pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode afetar 49 deputados. Entre as possíveis sanções estão a perda de indicações a cargos regionais, falta de atendimento nos ministérios e menor repasse de emendas parlamentares.
Seriam afetados parlamentares de PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB, siglas que têm ministérios ou fizeram indicações à Esplanada dos Ministérios, e também garantiram indicações em estatais e autarquias.
O pedido de impeachment é de autoria da bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) e tem como motivação declaração de Lula comparando os ataques israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto. O requerimento tem 139 assinaturas, com mais cinco adesões após o documento ser protocolado.
O União Brasil teve o maior número de assinantes. 17 dos 59 deputados concordam com o pedido de impeachment de Lula, mesmo com a legenda tendo feito indicações para a diretoria de estatais como a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O partido ainda tem dois ministérios, com Juscelino Filho (Comunicações) e Celso Sabino (Turismo), além de ter indicado mais um ministro, Waldez Góes (Integração Regional).
O PP é o segundo do ranking. 14 de seus 50 deputados assinaram o requerimento, ainda que a sigla tenha o controle do ministério do Esporte, com André Fufuca, e tenha feito indicações para a presidência e outras vice-presidências da Caixa.
Na terceira posição está o Republicanos, que também fez indicações para vice-presidências da Caixa e para a Esplanada. O partido tem oito adesões ao pedido de impeachment em sua bancada de 40 deputados. O partido indicou Silvio Costa Filho como ministro de Portos e Aeroportos, o que levou Lula e criar mais um ministério para manter Márcio França, do PSB, na Esplanada. Nenhum partido mais à esquerda da base assinou o pedido do impeachment.
PSD e MDB também aderiram ao impeachment. Foram cinco dos 43 parlamentares, no caso do PSD, e também cinco dos 44 congressistas, no caso do MDB.
Ambas as siglas têm três ministérios. Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e André de Paula (Pesca) representam o PSD. Do lado do MDB estão Simone Tebet (Planejamento), Jader Filho (Cidades) e Renan Filho (Transporte).
Em sua grande maioria, esses deputados, ainda que sejam de partidos do Centrão que estão com Lula, têm um alinhamento com as pautas do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Agora, como sinalizou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), podem ser punidos. “Formou-se um consenso entre nós de que é incompatível o parlamentar ser da base do governo, ter relação com o governo e assinar pedido de impeachment”, escreveu Guimarães no X (antigo Twitter). “Isso não é razoável e a minha posição é encaminhar a lista desses parlamentares para que o governo tome providências.”
Veja quem são esses parlamentares:
União Brasil – 17 deputados
– Felipe Francischini (União-PR)
– Dr. Fernando Máximo (União-RO)
– Nicoletti (União-RR)
– Rodrigo Valadares (União-SE)
– Alfredo Gaspar (União-AL)
– Coronel Ulysses (União-AC)
– Dayany Bittencourt (União-CE)
– Kim Kataguiri (União-SP)
– Rosângela Moro (União-SP)
– Cristiane Lopes (União-RO)
– Mendonça Filho (União-PE)
– Padovani (União-PR)
– Coronel Assis (União-MT)
– Paulinho Freire (União-RN)
– Maurício Carvalho (União-RO)
– Pastor Diniz (União-RR)
– Dr. Zacharias Calil (União-GO)
PP – 14 deputados
– Marco Brasil (PP-PR)
– Dilceu Sperafico (PP-PR)
– Delegado Fabio Costa (PP-AL)
– Da Vitoria (PP-ES)
– Afonso Hamm (PP-RS)
– Evair Vieira de Melo (PP-ES)
– Covatti Filho (PP-RS)
– Pedro Westphalen (PP-RS)
– Clarissa Tércio (PP-PE)
– Gerlen Diniz (PP-AC)
– Ana Paula Leão (PP-MG)
– Vicentinho Júnior (PP-TO)
– Luiz Ovando (PP-MS)
– Coronel Telhada (PP-SP)
Republicanos – 8 deputados
– Amaro Neto (Republicanos-ES)
– Messias Donato (Republicanos-ES)
– Mariana Carvalho (Republicanos-MA)
– Franciane Bayer (Republicanos-RS)
– Diego Garcia (Republicanos-PR)
– Fred Linhares (Republicanos-DF)
– Roberto Duarte (Republicanos-AC)
– Alex Santana (Republicanos-BA)
PSD – 5 deputados
– Sargento Fahur (PSD-PR)
– Ismael (PSD-SC)
– Darci de Matos (PSD-SC)
– Stefano Aguiar (PSD-MG)
– Reinhold Stephanes (PSD-PR)
MDB – 5 deputados
– Pezenti (MDB-SC)
– Thiago Flores (MDB-RO)
– Delegado Palumbo (MDB-SP)
– Osmar Terra (MDB-RS)
– Lúcio Mosquini (MDB-RO)
O post Retaliação do governo ao impeachment pode afetar 49 deputados de partidos da base apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.