Quem quer ver o que tem na caixa preta do Laureano?
Quando o doutor Napoleão Laureano reuniu os colegas para fundar o hospital que levaria seu nome, criava uma das instituições mais importantes da Paraíba.
A que cuidaria, quase sozinha, dos pacientes de câncer no Estado.
Todas as distâncias, para quem recebe o diagnóstico, levam ao Laureano.
Isso acontece há quase 70 anos – sete décadas em que o hospital do doutor Laureano virou referência no tratamento do câncer.
Uma doença que maltrata a alma de quem tem e o bolso de quem se atreve a enfrentá-la.
Não sem razão, a saúde pública prefere conviver com as iniciativas filantropas – se restringindo a dar “um por fora” – ao invés de assumir o protagonismo no tratamento do câncer.
Pra sobreviver, a Fundação Napoleão Laureano pede.
Pede muito. E recebe um bocado.
Nacos grandes – como os do SUS e das emendas de nossos parlamentares, que sempre colocam o hospital debaixo do curto cobertor que a União lhes estende.
Nacos pequenos – você, seu Zé, dona Maria (a coletividade paraibana, que ou já precisou do Napoleão Laureno ou simplesmente se comove com a sorte dos que dele precisam).
A gente corre pelo Laureano.
A gente salga a conta de energia pelo Laureano.
A gente tira de onde não tem pelo Laureano.
E tudo o que a gente quer é que esse dinheiro aplaque as dores, renove as esperanças e atinja a cura de seus pacientes.
Preciso como uma intervenção radioterápica.
Porque, no vácuo da saúde pública, o Laureano segue sendo absolutamente indispensável.
Ninguém deseja que essas suspeitas se enraízem pela sua credibilidade, produzam metástase sobre sua história e decretem o óbito de uma instituição que a Paraíba mais do que respeita: tem afeto e zelo.
Mas ninguém é ingênuo o bastante para não antever que esse amor pode ser irremediavelmente abalado.
Pois quando seu ex-diretor pede a abertura de uma suposta caixa preta deve saber o que nela contém.
E quer, apenas, que a gente também saiba.
Vamos suportar o que estamos prestes a ver?