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Quatro municípios em emergência por causa da seca, fazem carnaval

Quatro municípios em emergência por causa da seca, fazem carnaval
           
Apesar da seca, quatro municípios do interior do Estado que decretaram situação de emergência estão investindo mais de R$ 800 mil na realização do Carnaval. Taperoá, no Cariri, é uma das 20 cidades em colapso por causa da estiagem e mesmo assim, está investindo cerca de R$ 170 mil na realização dos festejos. Para o período, o prefeito Jurandi Pileque ampliou de cinco para 10, a quantidade de carros-pipa que, segundo ele, irão garantir o abastecimento para os milhares de foliões que a cidade deve receber até a próxima terça. Em Esperança, no Brejo, há racionamento de água, mas o gestor Anderson Monteiro, vai retirar dos cofres, R$ 200 mil para assegurar folia por quatro dias. No município de Coremas, a prefeitura disponibilizou um montante superior a R$ 400 mil para manter o título de “cidade do melhor Carnaval”. A situação se repete em Camalaú, também no Cariri, onde o prefeito vai usar cerca de R$ 20 mil no Carnaval.
 
Por outro lado, a seca também fez com que cidades como Cajazeiras e Catolé do Rocha alterassem seus eventos e dessem à iniciativa privada, a responsabilidade de fazer as festas. Enquanto isso, outros municípios trocaram o Carnaval por água, a exemplo de Boa Vista, Congo e Boqueirão, que são conhecidas na região do Cariri por realizar Carnaval tradição e este ano, cancelaram as festividades. 
 
Desde o fim do ano passado, o açude que abastecia Taperoá, secou e a população de pouco mais de 13 mil habitantes passou a sobreviver de poços e distribuição de água através de carros-pipa. Na cidade, existem cinco pipeiros que se revezam todos os dias para atender a demanda, mas no Carnaval, eles terão um reforço de outros cinco caminhões, por iniciativa do prefeito, Jurandi Pileque, que teme que falte água para os foliões. 
 
“Não é que estamos deixando de priorizar a seca, porque temos investido na convivência com ela, mas a cidade sempre realizou Carnaval e este ano, reduzimos o valor do investimento. Como sabemos que nos dias de Carnaval a cidade recebe muitas pessoas que vêm de fora curtir nossa festa, tomei a iniciativa de contratar mais cinco carros-pipas para distribuir água durante os quatro dias de Carnaval. Só com os pipas estou investindo uns R$ 10 mil a mais. Na festa toda, o investimento é de aproximadamente R$ 170 mil”, explicou o prefeito.
 
Prefeito: festa não compromete o município
 
Na mesma região, o prefeito de Camalaú, Jacinto Bezerra, também não abriu mão de fazer a festa, mas alega que o investimento de quase R$ 20 mil é pequeno e não compromete o município. “Não é uma grande festa de Carnaval e a prefeitura está investindo pouco. Não temos muitos problemas com a seca, porque o açude que abastece a cidade tem muita água ainda”, comentou o prefeito.
 
Segundo ele, apesar de Camalaú estar em uma situação confortável em relação à seca, foi determinado que não tenha desperdício de água durante o carnaval. Para isso, a quantidade de 12 chuveiros que eram instalados para promover o carnaval molhado, foi reduzida e só terá um. “Estamos reduzindo os gastos de água em 90% porque apesar de o açude estar com mais de 30% de capacidade, não podemos desperdiçar água para que ela não falte depois”, frisou o gestor. 
 
Esperança promete reunir multidão
 
No Brejo, o município de Esperança, promete arrastar uma multidão de 50 mil foliões até a próxima terça-feira e para isso, o prefeito Anderson Monteiro, está investindo cerca de R$ 200 mil dos cofres da prefeitura para garantir a animação. Desde o ano passado que a população está sofrendo racionamento de água, devido à redução no volume do manancial que abastece a localidade. O dinheiro destinado ao carnaval daria contratar pelo menos 28 pipeiros para matar a sede da população durante um mês. 
 
Coremas investe mais de 400 mil
 
No Sertão, Coremas, que ostenta o título de Cidade das Águas, por conta do complexo formado por dois açudes, pode entrar em racionamento ainda este ano, porque o manancial está com pouco mais de 20% do volume.
 
Mesmo assim, a prefeitura garante que a festa de Carnaval deste ano será uma das maiores de todos os tempos e para isso e está investindo mais de R$ 400 mil, sobretudo, para contratação de artistas de renome nacional, como a banda carioca Biquíni Cavadão, que se apresenta amanhã. A expectativa é de que até terça-feira, Coremas receba um público de 70 mil pessoas.
 
Três cidades sem festejos
 
Os tradicionais festejos de Carnaval não vão acontecer este ano em, pelo menos, três cidades do Cariri paraibano, por causa da seca. Os prefeitos de Boa Vista, Congo e Boqueirão, cancelaram a realização dos eventos para utilizar os recursos no combate os efeitos da estiagem.
 
Boa Vista: “Não dá pra fazer festa”
 
Em Boa Vista, o prefeito Edvan Leite disse que, para realizar o Carnaval, teria que investir cerca de R$ 30 mil por mês dos cofres da prefeitura e que por conta das dificuldades enfrentadas pelos moradores da zona rural, os recursos já estão sendo destinados à contratação de carros-pipas para abastecer cisternas. “Na situação em que se encontra o município, não dá pra fazer festa”, disse o gestor.
 
Congo e Boqueirão sem folia molhada
 
No Congo, famoso na região do Cariri por realizar o “Carnaval molhado”, com banho no rabo do pavão, no açude Cordeiro que abastece a região, não realizará o evento porque o manancial está com apenas 14,6% da capacidade. 
 
Em situação de emergência, por conta da seca, a cidade de Boqueirão, também abriu mão de fazer o Carnaval molhado, no açude Epitácio Pessoa. A festa era considerada uma das maiores do Estado, mas devido à redução do volume de água do manancial e o risco de cidades abastecidas por ele, como Campina Grande, entrarem em racionamento, o prefeito João Paulo determinou que a festa não seja realizada, frisou o secretário de turismo, Nivaldo Sobreira. 
 
 
 
Correio da Paraíba