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Blog do Vavá da Luz

Quatro frases-chave explicam a tensão desta semana em Brasília

 

Saída do PMDB do governo deve ser aprovada nesta terça-feira (29) e PGR pode aceitar acordo de colaboração da Odebrecht

BBCÀs vésperas da confirmação da saída do PMDB, Dilma fez apelo pela permanência do partido

Às vésperas da confirmação da saída do PMDB, Dilma fez apelo pela permanência do partido
Lula Marques/ Agência PT/Fotos Públicas
Às vésperas da confirmação da saída do PMDB, Dilma fez apelo pela permanência do partido
Foram cinzas, chuvosos e desertos os dias que antecederam, em Brasília, a semana mais importante desde o início das discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Completamente esvaziada pelo feriado prolongado da Semana Santa, a capital do país volta ao centro das atenções nesta terça-feira (29), quando o PMDB deve anunciar o desfecho de seu conturbado processo de afastamento do governo.

O vice-presidente Michel Temer assume a Presidência da República interinamente nesta quinta-feira (31), enquanto Dilma participa de reuniões em Washington, nos Estados Unidos.

Na semana passada, Temer se reuniu privadamente com o senador Aécio Neves, em São Paulo. O presidente do PSDB comentou publicamente o encontro, sugerindo uma articulação entre tucanos e PMDB para um futuro governo, em caso de impeachment.

Dos salões de mármore da praça dos Três Poderes para as ruas, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) organiza, também na quinta, um megaprotesto em Brasília e outras cidades. Críticos ao governo, mas contrários ao impeachment, eles dizem que levarão mais de 100 mil à capital federal.

Por fim, a qualquer momento da semana, novidades sobre a “colaboração definitiva” da Odebrecht com a operação Lava Jato, anunciada na última terça-feira (22) (mas a existência do acordo foi negada pelo Ministério Público), podem, se confirmadas, estremecer novamente lideranças de partidos governistas e da oposição.

Entenda, a seguir, o que deve acontecer nesta semana que – ao contrário do feriado – promete ser de alta temperatura política em Brasília.

Desembarque do PMDB do governo deve ser confirmado em reunião na terça-feira (29)

Dilma Rousseff: “Queremos muito que o PMDB permaneça no governo”

Desembarque do PMDB do governo deve ser confirmado em reunião na terça-feira (29)
Antonio Cruz l Agencia Brasil
Desembarque do PMDB do governo deve ser confirmado em reunião na terça-feira (29)
Nesta terça-feira, uma reunião do PMDB pode resultar no rompimento do principal partido da base aliada com o governo Dilma. Em visita ao Centro de Operações Espaciais de Brasília, na última quinta (24), Dilma disse “querer muito que o PMDB permaneça no governo” e “ter certeza de que nossos ministros estão comprometidos com sua permanência”.

O apelo ocorreu no mesmo dia em que o principal aliado do governo no partido, o diretório do Rio de Janeiro, anunciou que deixará a base aliada. Até o momento, 14 dos 27 diretórios peemedebistas fizeram o mesmo.

A primeira reação prática da presidente ao possível divórcio foi a demissão, também na quinta-feira, de um assessor indicado pelo vice-presidente Michel Temer – apontado como um dos articuladores da debandada.

Do outro lado, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, já anunciaram que não devem abandonar o governo.

Desembarque do PMDB do governo deve ser confirmado em reunião na terça-feira (29)

Aécio Neves: “Estive em SP com Michel Temer e tivemos uma conversa republicana”

Conversas de Aécio com Michel Temer podem indicar possível aliança entre PMDB e PSDB
Agência Senado – 16/03/16
Conversas de Aécio com Michel Temer podem indicar possível aliança entre PMDB e PSDB
O vice-presidente Temer também se reuniu com o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, em São Paulo.

Classificada de forma enigmática pelo senador tucano como “uma conversa republicana”, o encontro reforça a tese de uma dobradinha entre os dois partidos em caso de afastamento de Dilma.

Em entrevista ao jornal “Estado de S.Paulo”, outro nome de peso do PSDB, o senador José Serra (PSDB-SP), falou em nome de Temer e disse que o vice deve assumir compromissos com a oposição e se comprometer a não concorrer à reeleição, além de não interferir nas eleições municipais deste ano.

Temer reagiu, em nota, dizendo que não precisa de intermediários “quando tiver que anunciar algum posicionamento”.

“Michel Temer não tem porta-voz, não discute cenários políticos para o futuro governo e não delegou a ninguém anúncio de decisões sobre a sua vida pública”, diz a nota.

Contrários ao impeachment mas críticos ao governo, MTST fará protesto na quinta-feira (31)

Guilherme Boulos: “País será incendiado por greves, ocupações e travamentos se houver golpe”

Contrários ao impeachment mas críticos ao governo, MTST fará protesto na quinta-feira (31)
Roberto Navarro/ALSP – 19.9.2012
Contrários ao impeachment mas críticos ao governo, MTST fará protesto na quinta-feira (31)
“O recado tá dado: não pensem que os trabalhadores ficarão parados observando o golpe passar”, diz o convite do MTST para o “Dia de Mobilização Nacional”, marcado para quinta-feira em Brasília e outras cidades pelo país.

O protesto deve ser diferente dos tradicionais atos organizados por grupos pró-impeachment ou por centrais sindicais, a favor do governo.

Críticos contundentes da gestão petista mas contrários ao afastamento da presidente, os membros das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular devem pedir o fim do ajuste fiscal e dos cortes em programas sociais, o afastamento de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados e réu na Lava Jato, e a extinção das discussões sobre a reforma da Previdência.

Em entrevista coletiva na última terça-feira, Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, disse que o país será “incendiado por greves, ocupações e travamentos”, caso Dilma seja afastada ou Lula seja preso. “Não haverá um dia de paz do Brasil”, continuou Boulos.

Planilhas da Odebrecht divulgadas na última semana traziam nome de pelo menos 280 políticos

Odebrecht: “Decidimos por uma colaboração definitiva com as investigações da Lava Jato”

Planilhas da Odebrecht divulgadas na última semana traziam nome de pelo menos 280 políticos
Reuters
Planilhas da Odebrecht divulgadas na última semana traziam nome de pelo menos 280 políticos
A “colaboração definitiva” da Odebrecht com a Lava Jato, anunciada pela empreiteira na última semana, já é chamada pela imprensa nacional de “delação das delações” – ainda que a existência de um acordo de delação tenha sido negada pelo Ministério Público.

O trailer aconteceu na semana passada, quando foram divulgadas planilhas apreendidas na casa de um executivo da Odebrecht pela Polícia Federal. Elas caíram como uma bomba nos corredores do Congresso e trouxeram ao centro da Lava Jato nomes de pelo menos 280 políticos de todas as cores partidárias ─ dos opositores PSDB e DEM e aos governistas PT e PCdoB, incluindo o indeciso PMDB.

Horas após a divulgação, o juiz Sergio Moro ordenou o sigilo das planilhas e, nesta segunda-feira (28), encaminhou-as ao Supremo Tribunal Federal, juntamente com outros materiais da investigação das fases 23 e 26 da Lava Jato.

Não se sabe ainda o que exatamente significam os nomes e números associados aos políticos ─ a expectativa é que novidades sobre as denúncias e sobre a aceitação ou não da delação da Odebrecht pela Procuradoria Geral da República sejam anunciadas a qualquer momento, durante a semana.