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QUANDO VÃO TIRAR DEUS DO PALANQUE? (Rui Leitão)

 

Estão transformando a política numa disputa religiosa. Lamentável que essa “guerra santa” praticada, ao invés de promover a pacificação nacional, exacerba os ânimos. . O fanatismo religioso adotando um proselitismo agressivo que nada tem a ver com a mensagem de paz pregada por Cristo. É preciso tirar Deus da arena política.

A religião está sendo usada por alguns como projeto de poder, contrariando a missão do Filho de Deus, que enquanto esteve entre nós na vida terrena, jamais buscou prestigio político para se proteger e divulgar seus ensinamentos. A igreja de Deus não compra consciências. Não pode ser transformada em curral eleitoral, nem o púlpito utilizado como palanque.

Os eventos políticos produzem discursos com referências bíblicas, como se fossem cultos religiosos. As conhecidas “Marchas para Jesus” ganharam formas de comícios eleitorais, relegando Cristo a segundo plano. O nome de Deus proclamado em vão, como se Ele tivesse opção por algum candidato. Essa não é a melhor maneira de ganhar votos.

Jesus usava a tribuna para proferir palavras de perdão, de amor ao próximo, de salvação, de paz. Estão desprezando a missão primordial da Igreja que Ele constituiu. Nutrem uma relação promíscua e comprometedora entre políticos inescrupulosos e líderes religiosos que se apresentam como autoridades constituídas por Deus para fortalecer projetos de poder. Não existem “candidatos da fé”. Esses que assim se proclamam, são oportunistas que se aproveitam da crença religiosa para alcançar posições de comando na esfera política.

É preocupante quando a ética cristã se defronta com as razões da política. É inaceitável que, por interesses políticos, agridam pessoas por conta de suas crenças ou práticas religiosas. O Brasil é um país laico com dimensões continentais e diversificado culturalmente e, por isso mesmo, é antidemocrático estabelecer que posições religiosas determinem a escolha na hora do exercício do voto. A intolerância religiosa é um desafio à convivência democrática e um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana. As igrejas não podem ser consideradas agremiações partidárias. Deus não sobe em palanques, nem distingue as pessoas que disputam eleições conforme a crença religiosa. Não escolhe uns, rejeitando outros. É bíblica a afirmação: “Porque para com Deus não há acepção de pessoas” – Romanos 2:11.

Portanto, vamos tirar Deus das querelas político-partidárias e ideológicas. Não permitamos que os exploradores da fé das grandes massas usem o Seu nome como cabo eleitoral de quem quer seja. A religião não pode ser um instrumento para conquista de votos.

Rui Leitão