Gisella e Fernando De Borthole escrevem semanalmente no iG Turismo. Ainda no tour pela Ásia, eles contam todos os detalhes do deserto de Dubai
Nosso passeio pelos Emirados Árabes Unidos não pode acabar sem antes passar por sua cidade mais conhecida no mundo inteiro e que conta um belo deserto. Dubai é o segundo maior emirado que forma o país, mas é muito menor do que Abu Dhabi. Esse emirado começou a ficar muito conhecido no final dos anos 90, quando suas extravagancias arquitetônicas cresceram pela cidade, espalhando muito luxo e atraindo pessoas do mundo inteiro para trabalhar na região.
Hoje a cidade conta com mais de 200 nacionalidades morando por ali, que são mais países do que aqueles que formam a ONU. É um lugar impressionante logo na chegada, e não para de surpreender a cada momento que se passa por lá. As pessoas que moram em Dubai dizem que elas mesmas se surpreendem com a velocidade em que a cidade se desenvolve. Basta ficar uns três meses fora de lá, que quando volta já está muito diferente. Será que o deserto também?
Gastando pouco
Nós já tínhamos tido a oportunidade de passar por Dubai e fazer um passeio bem ao estilo Sheikh Zayed, mas dessa vez, queremos mostrar que não é só de riqueza que Dubai é feito, e que também há muito para se fazer sem gastar quase nada de dinheiro. É claro que um voo do Brasil para Dubai não é dos mais baratos, mas é possível encontrar hotéis bem acessíveis e passeios bem legais dentro do orçamento. Então em vez de ficarmos no hotel Burj Al Arab, como da outra vez, resolvemos procurar algo mais barato, e achamos o Rove, um hotel que fica bem no centro da cidade, ao lado da torre mais alta do mundo, a Burj Khalifa e ao lado do maior shopping center do mundo, Dubai Mall.
Adrenalina
Conhecer o deserto deve fazer parte do roteiro de quem vai para esse país, e como de turismo eles entendem bem, vários passeios já foram criados para levar o turista ao mais próximo da vida beduína possível. Além de ser algo super diferente para nós, eles misturam uma grande dose de adrenalina, correndo nas dunas do deserto em um comboio de caminhonetes, com um belo jantar beduíno servido de maneira muito típica. É claro que não tínhamos como não ter essa experiência, oferecida para nós pela equipe da Knight Tours.
Recomendações
Para encarar esse safari a primeira recomendação é colocar roupas leves, primeiro porque o calor não é pouco e também porque vamos para o deserto, onde a areia fará parte do passeio, de preferência chinelos mesmo. Lá pelo final da tarde o carro da Knight Tours veio nos buscar, a princípio achávamos que era um carro comum, pra depois descobri que ele era o anfitrião do nosso rali no deserto. O caminho até o início de rali leva um pouco mais de uma hora.
Aos poucos vamos vendo a cidade de Dubai se transformar no velho deserto que estava lá muito antes dos altos arranha céus. O mais impressionante é ver pelo caminho como a cidade está invadindo cada vez mais o deserto e criando bairros inteiros. Construção é algo comum de se ver naquela região. E o mais impressionate, água para todos os lados. Os Emirados utilizam o sistema de dessalinização e a água já não é mais um problema nessa área toda.
Primeira parada: rali
Chegamos em nossa primeira parada e estávamos prontos para começar o rali. Encontramos todos os outros carros que fariam o passeio com a gente, acho que eram mais de 15 caminhonetes. Mas antes da corrida o nosso motorista, Ali, desce para murchar os pneus. Eles fazem isso para o carro ter mais aderência na areia, e além dessa técnica, dirigir daquele jeito não é pra qualquer um.
Foram mais de 20 minutos de corrida naquelas dunas, em momentos que parece que o carro vai capotar. Dentro do carro estávamos em um total de sete pessoas, contanto o motorista, e nos sentimos numa verdadeira montanha-russa. O passeio é muito divertido e vale muito a pena, pra quem gosta de adrenalina, é claro! Se você enjoa fácil, é melhor nem chegar perto e ir direto para o jantar beduíno.
Etapa cumprida
Primeira etapa do rali cumprida e agora é hora de parar para tirar fotos. É claro que eles escolhem uma região muito bonita para o pit stop, antes de encarar mais 20 minutos de rali até finalmente chegar na vila beduína Al Shamsi. Depois de pura emoção durante a corrida nas dunas, é hora de partir para um belo jantar, com uma recepção típica com um café árabe, as tâmaras e o lgeimat, um doce árabe que lembra muito o nosso bolinho de chuva.
Jantar a céu aberto
A recepção no acampamento é calorosa e logo podemos escolher nossa mesa com o pé na areia. Cada mesa é para as pessoas de um carro, então nos sentamos com os nossos companheiros de rali, dois sul coreanos e um casal de peruanos. O jantar a céu aberto é parte do acampamento que está instalado naquele local, que pertence ao simpático Mohamed, que é dono dessa área do deserto e resolveu receber os turistas da forma típica beduína, como ele foi criado.
No acampamento podemos escolher entre andar de camelo, de quadriciclo, ou simplesmente admirar o belo por do sol nas areias do deserto. Quem quiser se sentir mais local, eles oferecem a candura, roupa típica árabe. Pés de tâmara estão espalhados pelo acampamento e também outras tradições regionais como a narguilé. Quem quiser também pode fazer uma tatuagem de henna. Para aprendermos um pouco mais sobre a cultura beduína eles montaram uma pequena vila com casas para mostrar como os beduínos viviam.
Churrasco árabe
É hora de nos juntar ao grupo que estava no carro com a gente e sentar na mesa para apreciar aquele belo churrasco árabe acompanhado de um show com dança do ventre. Além do churrasco, o jantar é servido com vários petiscos, saladas e doces e não demora muito para o show começar.
Primeiro uma dança Sufi, onde o dançarino fica rodando e fazendo vários movimentos. É impressionante a velocidade que ele roda sem parar durante mais de 10 minutos. Logo em seguida vem a dança do ventre, que é interpretada por uma dançarina brasileira! Segundo os organizadores do acampamento, as brasileiras são as melhores dançarinas da dança do ventre! O show foi incrível.
Vida em volta das areias
Depois de um verdadeiro banquete e um belo show de danças, nosso passeio chega ao fim. O céu lotado de estrelas e uma temperatura muito agradável faz a nossa despedida dessa experiência incrível. Fazer esse safari no deserto vale muito a pena e nos coloca em contato com uma tradição milenar que nunca tínhamos tido contato. É muito interessante ver como os beduínos construíram suas vidas em volta das areias que lhes oferecem tudo aquilo que eles precisam e ainda formam uma paisagem sem igual.
* Gisella e Fernando De Borthole são autores do site Sonho & Destino e escrevem semanalmente no iG Turismo.
Fonte: Turismo – iG /vavadaluz