A Polícia Civil de São Paulo prendeu o segundo dono da Camisaria Colombo no contexto de uma operação contra fraude milionária no sistema bancário e ocultação de patrimônio. Paulo Jabur Maluf, irmão de Álvaro Maluf Júnior, se apresentou às autoridades na tarde desta quinta-feira (21).
A polícia já havia detido Álvaro, que também é proprietário empresa, e Bruno Gomes de Souza, representante legal da BS Capital.
O grupo criminoso, formado por pelo menos sete pessoas, é investigado pelos crimes de furto mediante fraude e fraude contra credores. Segundo a polícia, eles exploraram uma falha em um sistema de pagamentos para gerar créditos falsos.
Alvo de mandado de prisão temporária, Mauricio Miwa, funcionário da empresa de gestão de valores, está no exterior.
Outros mandados
Além das prisões, a Justiça também autorizou o cumprimento de mais 12 mandados de busca e apreensão em endereços na capital paulista, Birigui e Avaré, cidades do interior do estado, e Brasília.
Os outros investigados são pessoas beneficiadas pelos valores que foram transferidos da conta da empresa BS Capital.
O g1 tenta contato com as defesas dos alvos da operação.
O advogado Victor Waquil Nasralla, que defende Álvaro, informou que “somente teve ciência da presente investigação na data de hoje. Até o momento, contudo, não lhe foi franqueado o acesso integral aos autos, o que inviabiliza qualquer manifestação mais aprofundada sobre o caso. Não obstante, todas as medidas cabíveis já estão sendo adotadas a fim de garantir o pleno exercício do direito de defesa”.
Mais de 20 policiais da Divisão de Crimes Cibernéticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo participam da operação.
“Esse esquema perdurou por algum tempo, tendo como vítima a instituição financeira. Ela detectou desvios, eventuais desvios nas operações ali… com determinado cliente, que é a empresa Colombo. E aí veio nos procurar. Procurou a Divisão de Crimes Cibernéticos e iniciou-se a investigação”, falou à TV Globo o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian.
Como o esquema funcionava
As investigações começaram em dezembro após uma denúncia formalizada pela instituição financeira PagSeguro, que apontou um furto milionário por meio de fraude tecnológica.
Segundo as investigações, o esquema tinha como finalidade dissimular bens e valores em processo da recuperação judicial da Camisaria Colombo, dando prejuízo a credores do sistema financeiro nacional.
Paulo Barbosa, delegado de Polícia Divisionário da DCCIBE/Deic, explicou como o grupo agia:
A operação em si era feita por meio de uma conta operada pelos proprietários da empresa, utilizando uma conta de meio de pagamento;
A Camisaria Colombo contratou uma empresa terceirizada que fazia a gestão de todos os pagamentos de franquias, de fornecedores, de funcionários;
Ao encontrar uma vulnerabilidade no sistema, esse gestor fez o “verdadeiro milagre da multiplicação dos peixes”, segundo o delegado;
Ele remetia valores para outras contas, esses valores chegavam ao destino, mas não eram debitados na origem.
Segundo o delegado, “ele conseguiu operar em mais de 2.500 transações ao longo de 20 dias. O dinheiro já foi destinado a outra seis empresas fora da capital, que foram objetos de cumprimento de mandado de busca e apreensão. Houve R$ 21 milhões de prejuízo. As transações foram de R$ 26 milhões no total. Desses R$ 26 milhões, a empresa tinha como crédito em conta-corrente cinco. Então ele utilizou desse cinco para multiplicar os 26, aí houve esse milagre“.
O grupo conseguiu transferir cerca de R$ 21 milhões para uma conta da BS Capital. Desse total, R$ 9 milhões foram transferidos entre os dias 1º e 21 de outubro do ano passado.
Procurada pela equipe de reportagem, o PagSeguro informou que “não comenta sobre processos judiciais.”
A Camisaria Colombo foi fundada em 1917, em São Paulo, e se consolidou como uma das maiores varejistas de moda masculina do país. A rede vende ternos, camisas, gravatas e outros itens de vestuário, com lojas em shoppings e centros comerciais.