De acordo com O Globo, o dinheiro foi repassado a Lúcio Gomes em troca da liberação de pagamentos de obras do governo cearense entre 2007 e 2014

Hoje, durante um ato de campanha em Belo Horizonte (MG), Ciro Gomes repudiou as acusações e rebateu dizendo que, em 38 anos de vida pública, nunca foi investigado ou acusado por ninguém

Reprodução/TV Globo

Hoje, durante um ato de campanha em Belo Horizonte (MG), Ciro Gomes repudiou as acusações e rebateu dizendo que, em 38 anos de vida pública, nunca foi investigado ou acusado por ninguém

Em acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), executivos da Galvão Engenharia afirmaram que Lúcio Gomes, irmão do presidenciável Ciro Gomes (PDT), recebeu R$ 1,1 milhão em dinheiro vivo e captou mais R$ 5,5 milhões via doação oficial para seu partido, o PSB.

A informação foi publicada na edição deste sábado (22) do jornal O Globo . Segundo a reportagem, o dinheiro foi repassado a Lúcio em troca da liberação de pagamentos de obras do governo do Ceará durante o mandato de Cid, também irmão de Ciro Gomes , entre os anos de 2007 e 2014.

Hoje, durante um ato de campanha em Belo Horizonte (MG), Ciro Gomes publicou um vídeo em sua página do Facebook repudiando as acusações e dizendo que, em 38 anos de vida pública, nunca foi investigado ou acusado por ninguém. “Será que agora, quando parece que estou virando o jogo para ganhar, é que vai surgir alguma coisa?”, questionou o presidenciável.

“Nunca estive com Ciro Gomes”

Segundo reportou O Globo , o delator Jorge Henrique Marques Valença disse que Lúcio Gomes “orientava a empresa a procurar diretamente Ciro ou Cid para uma ‘conversa institucional’, na qual deveriam indicar a ordem dos recebimentos das pendências que deveriam ser cobradas”.

Valença, no entanto, afirmou que nunca esteve com Ciro e que o candidato do PDT e seu irmão, o então governador Cid Gomes , procuravam “dar uma aparência institucional ao serem abordados sobre pagamentos devidos pelo estado do Ceará à empresa”.

O delator ainda relatou ter sido recebido na casa de Lúcio, onde ouviu do irmão de Ciro Gomes o pedido de R$ 6,4 milhões em espécie para ser empregado nas eleições de 2010. A empreiteira teria autorizado a negociação e recebido R$ 18 milhões do governo cearense no ao longo de 2011.

A Galvão Engenharia detinha alguns dos principais contratos da gestão do governo cearense, como o centro de eventos da capital, a Arena Castelão e o Eixão das Águas. Ainda de acordo com a reportagem, este último é protagonista do caso mais emblemático: uma negociação para o pagamento de um crédito de R$ 28 milhões relativos a sua construção em 2010.

Comprovantes

Para confirmar sua versão, Valença entregou comprovantes bancários dos repasses oficiais. Segundo O Globo , são planilhas internas com o controle da entrega de dinheiro em espécie e também e-mails.

Em um e-mail enviado a seus superiores em 16 de dezembro de 2010, o delator avisa que já tinha previsão para o pagamento e pede que os demais executivos procurem Cid e Ciro. “Já tem orçamento! Só falta o ok do governador [Cid Gomes]. Estou agindo, mas é importante a ajuda do Mário com o irmão mais velho [Ciro Gomes], que já está no Brasil”, diz a mensagem.

O “Mário” citado no e-mail é Mário Galvão, sócio da Galvão Engenharia e também delator.
De acordo com a reportagem, naquela semana de 2010, a imprensa noticiou que Ciro Gomes estava em viagem à Europa e voltaria ao Brasil no dia 15 de dezembro. O e-mail foi enviado, portanto, no dia seguinte ao seu retorno.