O governador João Azevedo, até pela sua falta de experiência política, naturalmente deve ter muito cuidado quando for escolher o seu novo partido; da mesma forma, com relação a quem irá se juntar, daqui pra frente. Deve calcular, sobretudo, o que poderá ser seu futuro político e administrativo ao lado dos novos aliados, os “cristãos-novos” da política paraibana.

João Azevedo foi eleito por um partido com perfil de esquerda, e com uma linha socialista. Portanto, é mais prudente que ele faça opção por uma legenda dentro do chamado “campo progressista”, até para não frustrar a grande maioria do seu eleitorado, nem perder o seu verniz de centro-esquerda.

Agora, convenhamos: nada impede nem pega mal que, seguindo as regras do jogo da política, na forma como tradicionalmente se faz no Brasil, João Azevêdo se junte com todo tipo de político, das mais variadas tendências, até da direita. Desde – é claro e imprescindível – que seja ele e o seu projeto o protagonistas nesta nova caminhada. Todos fazem isso, visando de fortalecer eleitoralmente.

O próprio Ricardo Coutinho – hábil que só ele – visando o sucesso eleitoral esteve com todo mundo. Esteve com o PSDB, esteve com os Cunha Lima, com Cássio, com Ronaldo e companhia. Àquela altura, Ricardo sabia que precisava de todos; que na hora da onça beber água, ganhar é o que interessa, porque não ganhando não teria como por em prática o projeto a que se propõe.

Com Ronaldo

Não esqueço (eu estava lá e tenho gravado) um discurso de Ricardo Coutinho, proferido na sua primeira campanha pra governador, no Parque de Exposições de Ivandro Cunha Lima, em plena Campina Grande, terreiro dos Cunha Lima, quando disse: “Esta tarde desfrutei de um dos momentos mais significativos da minha vida, quando tive a felicidade de trocar um dedo de prosa com Ronaldo Cunha Lima”. Foram palmas como o diabo. O parque quase vai ao chão…

É provável que, naquele momento, os Cunha Lima calculassem que, lá na frente, dariam um para-trás em Ricardo e assumiriam as rédeas; e RC, da mesma forma, provavelmente já calculava o que deveria fazer… Tanto que levou a melhor em reiterados embates com eles, tirando até a invencibilidade de Cássio Cunha Lima.
Pois bem, nada impede que João Azevêdo se junte a Deus e o Diabo, nesta sua nova trajetória de homem público, sobretudo diante do rompimento com Ricardo. Desde que, repetindo, tenha ele a habilidade que teve RC, de manter-se protagonista em todos os cenários em que esteve presente, para que, no futuro, não leve uma baita rasteira das cobras criadas da política paraibana.

Este jogo não é para amador. E João Azevedo precisa ter a clareza suficiente de que não terá, para sempre, Parker 51 dourada cheia de tinta…

 

Wellington Farias