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OPINIÃO BRASIL| O País do Imposto e da Censura

Brasília — O Brasil vive um momento marcado por duas frentes que se reforçam mutuamente: o aumento da carga tributária e o avanço da censura. Embora pareçam temas distintos, eles fazem parte de uma mesma engrenagem — a do controle.

A obsessão do governo federal por arrecadar mais impostos não é nova, mas tem ganhado novas formas. De tributações sobre compras internacionais de pequeno valor até propostas de taxação de dividendos e fundos exclusivos, o que se vê é um cerco progressivo sobre a renda da população e das empresas. No centro desse movimento está um Estado cada vez mais custoso e menos eficiente.

De forma paralela, cresce uma tendência preocupante: a limitação da liberdade de expressão. Decisões judiciais que bloqueiam perfis em redes sociais, investigações contra jornalistas e pedidos de remoção de conteúdo vêm se acumulando sob o pretexto de combater a “desinformação”. Críticos chamam isso de censura institucionalizada, alertando para o risco de erosão democrática.

Para muitos analistas, o que está em curso é uma dinâmica de retroalimentação entre esses dois fenômenos. O aumento dos impostos garante recursos para manter uma máquina pública inchada, inclusive para financiar estruturas de vigilância e controle da informação. Já a censura — direta ou velada — impede que a sociedade organize uma reação eficaz a esse modelo.

O linguista talvez visse nisso uma ironia semântica. A palavra “obsessão”, do latim obsessio, significa cerco ou assédio. Já “obcecado”, de obcaecare, significa cego. O governo parece ter as duas características: obcecado pelo poder, e obsesso em controlar a sociedade por meio do bolso e da boca.

O resultado é um país onde o cidadão está ao mesmo tempo sufocado e desinformado. A economia patina sob o peso da arrecadação. O debate público empobrece diante do medo de represálias. E, em meio a tudo isso, a confiança nas instituições segue em declínio.

A pergunta que resta é: até quando? Até quando o Brasil aceitará ser um país cercado por impostos e cegado pela censura? Em democracias maduras, impostos e críticas caminham juntos. Aqui, cada vez mais, a crítica é taxada — e quem fala, silenciado.

A liberdade, como o poder, precisa de vigilância constante. E no país do imposto e da censura, é ela quem mais parece estar em extinção.

Texto – Paulo Antônio Briguet

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