Muitos escritores fizeram minha cabeça e me ensinaram muito do pouco que sei. Eduardo Galeano foi um deles. Em maio de 1991 eu morava em Brasília e era repórter da Editoria de Nacional do Correio Braziliense. Em um plantão de final de semana me escalaram para cobrir uma palestra sua na UnB.
Fui lá e fiz uma entrevista e, de quebra, ganhei um autógrafo do seu livro “As Veias Abertas da América Latina” e uma foto com o escritor, feita por Wanderley Pouzebom. Certas coisas marcam a memória da gente. Na manhã desta segunda-feira (13) não contive as lágrimas ao saber da morte de Galeano e escolhi algumas frases suas para homenagear seu pensamento.
Ei-las:
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
“O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa”.
“Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar”.
“Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca”.
“Na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que morre”.
“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”.
“A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.”