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Blog do Vavá da Luz

NEM SEI SE VALE A PENA LER ((Artigo enviado por Mário Assis))

  • por
justiça
É praticamente uma constante nos discursos filosóficos
a crença de que os humanos planejam melhor seu futuro
quando têm conhecimento de sua história.
No Brasil,
em consequência da degradação do ensino em todos os níveis,
o ensino de história passou a ter um papel secundário,
cedendo lugar ao discurso ideológico,
mais ainda nas escolas de ensino médio.
 
Aquele que não conhece a história política de Roma pode bem
surpreender-se com o pernicioso costume de compra de votos, 
    de ​deputados e senadores, com recursos públicos (no caso de Roma, com dinheiro do saque dos tesouros dos países derrotados). 
 
Entretanto,
quem bem conhece a história daquele tempo,
muito bem sabe que os hábitos dos políticos de hoje são,
em menor ou maior grau,
os mesmos dos políticos daquele tempo e, 
quanto maior a impunidade,
mais os hábitos de rapina se repetem.
Com a morte de Marcio Thomaz Bastos,
o Brasil perdeu um jurista,
mas a nação brasileira foi recompensada,
até porque foi subtraído de nosso meio
um habilidoso e dedicado advogado dos corruptos.
Como ministro da justiça do governo Lula
ele deixou pouco para que fosse lembrado e, por que não dizer,
preservou fielmente a tradição das masmorras medievais
em que se transformaram os presídios deste degenerado país.
Nos últimos tempos,
articulava-se ele com um formidável esquadrão de juristas,
na tentativa de criar armadilhas jurídicas para desqualificar
o Meritíssimo Juiz Moro,
responsável pelo processo de investigação em curso na Petrobras.
 
NO CASO DO MENSALÃO
É dispensável aqui detalhar os milionários honorários
que esse jurista recebeu para defender os criminosos do mensalão. 
Não faltou esforço para que o mais nobre dos juristas do STF, 
    o Meritíssimo Juiz Supremo Joaquim Barbosa
fosse colocado na defensiva, constrangido e, por que não dizer,
no horizonte da desmoralização púbica, com o único fito de reduzir-se
 a gravidade dos crimes daqueles bandidos petistas e,
por que não dizer, inocentá-los.
 
A Ordem dos Advogados do Brasil
em coro canta loas ao jurista morto. 
 
Nada estranho numa organização que é o exemplo lapidar
 do corporativismo no Brasil.
 
Essa organização não faz qualquer menção referente
a estatura ética de Bastos que a meu ver, merece detida análise,
a fim de que se estabeleça os limites além dos quais um homem
deixa de ser jurista para ser mercenário.
 
Os populistas,
 invariavelmente corrompem a justiça dos países,
mais atuando para mudar as regras do poder e prolongar-se no governo
 e menos para beneficiar a nação na busca da prosperidade
 através do trabalho honesto.
Não faltaram cabeças brilhantes na história 
a bajular chefes de estado populistas,
vagabundos e assemelhados.
 
Relembro que Pablo Neruda fez um poema a Stalin
e que Pablo Picasso idolatrava esse monstro.
Também não faltaram bajuladores e oportunistas 
    a cercar Lula e Dilma,
a exemplo do louvado arquiteto comunista Oscar Niemeyer
(cognominado jocosamente de Mago do Concreto Alheio e
conhecido no exterior nos últimos lugares da fila dos cem melhores).
 
EM NOME DO DIREITO
 
Marcio Thomaz Bastos
era uma sombra ao redor dos poderosos,
sempre pronto para defendê-los,
em nome do exercício do direito.
 
Entretanto,
poderemos dizer que ele mais brilhou
perante o povo brasileiro esclarecido,
 precisamente quando defendeu
bandidos corruptos e ladravazes do dinheiro público.
 
Tais homens tornam-se célebres e poderosos. 
A história nos mostra que a escalada de poder desses homens 
    somente pode ser interrompida através de processos revolucionários.
 
O regime militar de 64,
justificado historicamente para defender o Brasil
contra os traidores comunistas, é um exemplo. 
 
Nesses regimes,
julga-se o homem por sua importância política 
    e executa-se o mesmo por sua culpa política.
 
Foi precisamente o caso do célebre jurista romano Cícero que,
em retribuição a seus serviços jurídicos aos poderosos, 
    recebeu dos senadores romanos à época de Júlio César,
nada menos que dezenove vilas. 
 
A história romana registra que o Palácio dele em Roma 
    somente era superado em luxo e dimensão
pelo palácio de Mecenas.
 
A decadência romana nos lembra muito bem
a podridão reinante na política brasileira de hoje,
quando ao povo se dá a impressão de que
o bem público foi a leilão.
 
À ESPERA DO SALVADOR
A nação romana daquele tempo clamava por um salvador,
enquanto que Virgílio proclamava brilhantemente
em sua obra literária a vinda do mesmo, puro, justiceiro e nobre. 
 
Pois bem,
o salvador aconteceu no nome de Caio Otávio,
o filho adotivo do assassinado Júlio César.
 
Sua administração foi tão brilhante
que ele foi cognominado de Augusto.
 
Cícero,
acostumado à corrupção reinante,
usou de seu sinete e sua habilidade oratória
para desmoralizar Augusto,
em defesa da casta podre de senadores que o fez milionário. 
 
Tudo ele fazia em nome da república,
enquanto enriquecia.
 
A história nos conta que nas proscrições 
    (ajuste de contas com os conspiradores de Júlio César),
Cícero foi enquadrado como traidor e,
sem mercê, decapitado.
 
Suas mãos foram pregadas
na porta principal do Foro Romano
e lá permaneceram por seis meses, apodrecidas.
 
Voltando ao jurista brasileiro morto,
se existe algum consolo para a nação brasileira,
é que dela foi subtraído
um defensor de corruptos milionários próximos ao poder.
 
Para a Academia de que faço parte,
na qual se julga o homem por seus méritos intrínsecos
à luz das referências mundiais do conhecimento,
esse homem não fará falta alguma,
mesmo porque nas melhores escolas de direito do mundo
 ele é considerado um ilustre desconhecido.
 
Podem nos subtrair a liberdade,
mas jamais subtrairão nossos sonhos.
Esse não era o fim que eu desejava ao Sr. Thomaz Bastos.
 
Para ele,
na minha ótica de história,
eu mais desejaria o final destinado a Cícero.
 
Sérgio Colle é professor da UFSC. 
(Artigo enviado por Mário Assis)