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    Namorados, o ciúme desgraça o amor! (Damião Ramos Cavalcanti)

          No Dia dos Namorados, todos namoramos, se a definição de namorar significa uma relação afetuosa, que aproxima duas pessoas, não importando as idades ou a finalidade, o que tem acontecido, desde que a gente se fez de gente, como se fosse uma energia entre amigos e amigas. Ao namorar, pratica-se um relacionamento que denota amor, que dá gosto em estar juntos, conversando um com o outro, sem preferir o uso do celular, contrariado, quando ocorre em jantar, nos mais variados restaurantes, e sobretudo no Dia dos Namorados. Isso não é namoro, pois namoro carece de atenção, de aproveitamento de todos os momentos, sentindo que está fazendo bem à saúde mental e corporal. Sem pressa, como canta, Flávio José, A Natureza das Coisas : “Coisa boa é namorar”…
         O Dia dos Namorados pode ter sido ontem ou em qualquer dia, com presentes ou coisas quentes; com romantismo e flores; noivados ou jantares à luz de vela, de preferência, onde tudo começou. Que tal no cinema, onde lhe surtiu o primeiro beijo? Nos costumes antigos, às vezes depois de tantos cortejos, isso já seria um compromisso… Na verdade, quando o namoro é bom não exige aliança de compromisso ou de noivado. Se confiam que o namoro não é uma mentira, significa afeto sincero, não enganoso, como aquele que se acaba por um Dia dos Namorados despercebido… Fora o insaciável desejo de estarem juntos, o que mais desgraça o namoro é o ciúme.  
          Contavam os gregos aos romanos, pelos ventos dos mares que vinham das suas ilhas, que Céfalo e Prócris se amavam como ninguém. O marido Céfalo vivia como caçador entre matas e bosques. Sempre caçando, mostrava-se indiferente à paixão que  lhe oferecia Aurora, satisfeito com o amor e os carinhos que sua mulher Prócris lhe dedicava. Aurora, irada com a indiferença de Céfalo ao apelo de namoro, rogou-lhe a praga de uma desgraça.
          Ignorando tal augúrio, certo dia Céfalo, fatigado da procura de caça, deitou-se nas folhas, caídas no outono. Observado por Aurora, olhou para os ventos no céu e sussurrou: “Suave brisa, vem e leva o calor que me queima”. Aurora escutou essas palavras e correu para dizer a Prócris o que acabara de ouvir, acrescentando que Céfalo, durante as longas caçadas, encontrava-se com uma amante, chamada Brisa, deitava-se com ela no bosque, ao entardecer, antes de voltar para casa. 
          A intriga, tramada por Aurora, levou Prócris a se enciumar e a seguir, escondida entre os arbustos, seu marido caçador, até que, exausto, ele se deitou na grama e pediu aos ventos costumeiras carícias: “Vem, brisa suave, vem afagar-me, apaga este calor”.  Sua companheira Prócris reconheceu a voz, acreditando em Aurora e, arrebatada por um agudo ciúme, debulhou-se em pranto.  Céfalo, imaginando a proximidade de eventual caça atrás da folhagem, atirou seu dardo contra o estranho barulho vindo da moita, acertando sua querida Prócris. Rastreou a presa atingida e encontrou sua amada que, ensanguentada e agonizante, lhe implorou: “Amado Céfalo, nunca se case com essa perversa Brisa, que causou entre nós essa tragédia”. Também em lágrimas, Céfalo lhe explicou que a brisa a que falava era apenas o vento, não existindo namoro algum, que assim terminava.
          O ciúme cresce envenenando a confiança; faz sofrer os enamorados; mata o amor e, às vezes, os amados.  Contaram que o jovem caçador vagou para sempre na floresta, e nunca mais clamou pela brisa…

 

Damião Ramos Cavalcanti

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