Na hora de ajudar todos os críticos d’As Muriçocas fogem da raia – Por Ruth Avelino
Minha história com o bloco Muriçocas Do Miramar é longa e antiga! Só não participei do primeiro desfile, em 1987, porque estava de plantão na TV Cabo Branco, onde era repórter. Em 1988 meu antigo marido, Edmundo Coelho Barbosa, foi o primeiro patrocinador do bloco. Bancou o carro de som e vendeu a camiseta oficial na Nutritiva, lanchonete que tinha na Feirinha de Tambaú.
Minha filha Cecília Avelino por pouco não nasceu no desfile do bloco. Em 1988 estava com nove meses de gravidez, quando desci a Epitácio pela primeira vez. Cerca de 300 pessoas estavam lá naquele ano. Ao longo dessas três décadas, vimos esses 300 foliões se transforem em 500 mil! Morava na Rua Carlos de Barros, paralela a Av. Tito Silva, e minha casa era o quartel general das Muriçocas. Amigos, vizinhos, companheiros de trabalho…iam para a minha casa para se fortalecerem com a super sopa de Dona Gema Avelino, tomarem banho gelado, guardarem seus carro na garagem e depois irem se esbaldar na folia. Era bom demais!
Em 1996 passei a fazer parte da vida de Eduardo Fuba, fundador do bloco e puxador oficial das Muriçocas do Miramar. Nos cinco anos em que vivemos juntos, passei a conhecer mais de perto a realidade da organização do bloco. Muito desgaste, falta de dinheiro, de apoio, de reconhecimento. Vi o quanto Eduardo Fuba, Marcone Serpa, Val Velloso, Vitória Lima, Antonio Gualberto Filho e tantos outros companheiros sofriam p/ colocar o bloco na rua e fazer a alegria de tanta gente!
Nessa época percebi que muitos animados foliões preferiam comprar camisetas de blocos alternativos que saiam junto com a Muriçocas ou espaços em camarotes, a adquirirem a camiseta oficial, como forma de dar uma força a agremiação carnavalesca. Vi que as empresas da Paraíba não se interessavam em patrocinar as Muriçocas, mesmo com a apresentação de um projeto arrojado de exposição de suas marcas para mais de 500 mil pessoas. Como pode?
Observei também a falta de interesse do poder público em apoiar financeiramente o bloco por motivos diversos. Fato é que muitas vezes precisamos tirar dinheiro de nossas despesas domésticas para pagar as contas das Muriçocas. O caso mais emblemático, que aconteceu enquanto era casada com Fuba, ocorreu em 2001, nos 15 anos das Muriçocas Do Miramar, quando, para marcar a festa de debutante, a diretoria do bloco resolveu sortear um carro Zero KM entre os compradores das camisetas.
Foram confeccionadas 10 mil camisetas, vendidas à R$ 20. “Vamos vender brincando”, dizia Fuba. Até a “Quarta-feira de Fogo”, no dia 21 de Fevereiro de 2001, dia do desfile, tinham sido vendidas exatas 998 camisetas. Prejuízo total, geral e irrestrito!!! Fizemos um lindo desfile de 15 anos, mas no dia seguinte, Fuba teve de dar seu carro usado e um lindo terreno que tinha em Tabatinga, na Costa do Conde, para comprar o carro Zero KM do ganhador do sorteio. Sim, e ainda teve gente que o chamou de ladrão, por não ter sido o sortudo no sorteio!!! Naquele dia me perguntei: Isso é justo?
Agora, no ano 33, as Muriçocas do Miramar anunciam mudanças em seu trajeto e a intenção de voltar às origens, e aí chega um monte de gente para meter o pau, dizer que o bloco vai acabar, que Fuba é ditador, que o bloco é da cidade e não da diretoria. Como assim? Na hora de ajudar todo mundo foge da raia, mas para fazer críticas todo mundo chega junto?
Eu achei massa as mudanças que ocorreram, entre outros fatores por falta de apoio e patrocínio. Será lindo ver a Muriçocas do Miramar voltarem às origens e eu estarei lá, como estive nesses 32 anos, dando força a esse lindo movimento cultural que mudou a história do Carnaval de previa de João Pessoa. Bora!
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Ruth Avelino