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MINHA VIDA COM MANÉ (por vavadaluz)

MINHA VIDA COM MANÉ

 

Vavá da Luz e Manoel da lenha tinham muitas coisas em comum, eram em determinados pontos muito parecidos e vou aqui explicar o porquê.

Com uma diferença entre 8 a 10 anos, Vavá da Luz e Manoel da Lenha foram criados na terrinha.

O interessante é que essa diferença de idade só é notória na infância e adolescência, uma pessoa com 18 anos e outra com 8 anos, uma já militar do exército e a outra criança, não é verdade ?

Agora depois dos ENTAS , 40, 50,60 e por aí vai, as idades se confundem e se aproximam e muitas vezes se invertem e uma pessoa de 40 aparentar mais  nova que uma de 50, não é verdade?.

Então quando comecei a trabalhar, ter bons empregos, gastar muito dinheiro e vir sempre a Ingá para Bares como o de Magnata (Edson Morais) e João Belmiro, sempre acompanhado de belas mulheres, era observado de perto por um Jovem de olhos verdes ainda adolescente que nós chamávamos Neco Lenha e tinha como irmãos de pai e mãe. Elmirando, Leda , Everton Taioca e José o Eca.

E acredito eu, que tenha essa visão, esse mal ou bom exemplo dado por mim, em boa parte influenciado no futuro do jovem Manoel da Lenha, senão vejamos.

Voltando um pouco, Sr Manoel da Lenha , o Pai, tinha mais de vinte filhos. Certa feita tinha eu um carro na praça da 1817 quando um dos colegas disse-me que seu pai era de Ingá, perguntei quem era e o colega me mostrou o Nariz que era um marca registrada do velho. Esse colega chamava-se Luis e tinha outra porrada de irmãos , todos filhos do saudoso Manoel da Lenha.

Continuemos a falar sobre o filho do mesmo nome, o Neco Lenha que migrou com o irmão Elmirando para a capital e com inteligência galgaram postos de grande relevância no estado onde puderam nos orgulhar e inclusive ajudar como no caso Elmirando que empregou muita gente que ainda hoje passa bem graças a ele.

Ontonce, Neco Lenha fez tudo que tinha direito e que eu ainda estava fazendo e ou tinha feito,  e aí foi viver, viajar, bons carros, boas moradas, bons hotéis, comia e bebia do melhor e quando longe casa uma furadinha sem trair no coração.

Inté no casamento Mané se pareceu comigo, duas Lias ou duas Janes, mulheres que dedicaram suas vidas para os filhos e maridos exclusivamente, só viveram o que seus amados quiseram que elas vivessem, não por subserviência, mas por amor incondicional na alegria e na dor.

E assim continuamos, eu de lá e ele de cá, nunca falamos em política e sim em amizade que foi sincera até sua partida e de minha parte continua sendo como o sou a Luciano Agra, que foram os dois maiores e melhores amigos que tive em toda minha trajetória.

Manoel era ciumento de suas boas amizades e quando Luciano Agra me dava uma coisa, ele me dava dobrado e eu era quem saía ganhando com esse ciúme, mas de cabeça erguida, porque gostava dos dois com a mesma intensidade.

Só pra que o leitor tenha uma idéia, certa feita quando vindo de João Pessoa com o diagnóstico na mão de ser PORTADOR DE CANCER , Encontrei Neco Lenha no Cajá com uma turma que iam tomar uma e ao lhe apresentar o resultado dos exames, ele chorou como que fosse um irmão seu e eu INTE brinquei e disse : Chora não Rapaz, o câncer é meu e tu não tem nada a haver com isso.

Pois bem foi ele quem chorou, foi ele quem foi também muitas vezes ao hospital do câncer, foi ele quem se cotizou com amigos para que eu não passasse necessidades.

Acho que nem pensava em ser político,  todos os finais de ano chagava Pierre aqui na Senzala com um presente que ele me mandava para clarear mais a escuridão do meu isolamento.

Outra mais, quantos políticos, quantos prefeitos não passaram por Ingá como Tiburcio, Zé  Grande, esse contra parente, mas contra parente mesmo, Renaldo Rangel, Paulo Candido, esse colega de Ginásio, Lula de Zé Grande outro grande contra parente, Antonio Burity uma porrada de vezes, enfim um bocado de … e só Manoel da Lenha lembrou de mim, além de me segurar INTE morrer com um bocado de quem, quem, piu piu, bibit fon, branco preto, todos pedindo minha cabeça.

Por isso e muitas coisitas mais vou parafrasear meu amigo Epitacio Adesivos quando diz :

Aí era cabra homem, de palavra, brincou , bebeu cantou e dançou quando tinha q brincar, comeu gente quando tinha q comer, ganhou dinheiro quando teve q ganhar, ajudou quando pôde ajudar, falou grosso quando tinha q falar, mandou se lascar quem merecia, fez as pazes com quem tinha q fazer, deixou sua marca na cidade toda e se foi quando teve q ir, no auge, vencedor, saiu do hospital e entrou pra história, nem processo vai responder…

Eu sô mané mas num sô besta não!!!

Eu teria muita historia pra contar sobre nós dois, são infindas, todas repletas de alegria, de amor e bom viver, mas pouco a pouco vou desembuchando aqui no blog.

Minhas preces meu amigo Neco, vai estocando por aí coisas boas, se puder claro, que breve chego Pra nós continuarmos a eterna brincadeira que sempre fez parte de nossa vida.

 

Do eterno amigo

vavadaluz