Pular para o conteúdo

Luciano Cartaxo e a opção de quem ficou sem opção (Por Heron Cid)

 

Em 2012, a agência Entrelinhas, de São Paulo, foi enviada para João Pessoa pelo PT para fazer a campanha do deputado estadual Luciano Cartaxo (PT). A empresa encontrou uma forma barata e simples para colocar lado a lado os dois Lucianos, o Cartaxo, e o Agra, então prefeito. Eles batiam papo sobre gestão pública ambientados em cenografia despretensiosa e ordinária. A fórmula foi eficiente e a dupla venceu a eleição.

Doze anos depois, o marketing da campanha petista, assinado pela Pole Position, de São Paulo, decidiu repetir a dose. Esqueceu, todavia, que tudo era diferente; as personagens e a conjuntura política da cidade.

O cabo eleitoral ao lado do banquinho não era mais Luciano Agra, na época vitimizado pelo golpe do PSB, em ótima perfomance e alta aprovação popular. Mesmo assim, alguém botou na cabeça que dava certo fazer o mesmo e apostar em Ricardo Coutinho (PT), no seu pior momento político, na tarefa de cabo eleitoral e estrela do guia no rádio e na TV. O resultado, óbvio, estava escrito nas estrelas…

Dono de bom portfólio administrativo, Luciano poderia, dessa vez, andar com as próprias pernas e falar com a própria voz, mas a desnecessária e inexplicável overdose da imagem de Coutinho na campanha, com indicação de vice e tudo, empurrou a candidatura ao solo. E Luciano, por retribuição à atuação do ex-governador na operação que garantiu a legenda ou até por estratégia indicada pelo duvidoso marketing, vergou sobre os ombros uma rejeição que nunca teve, e que não é sua.

Passada a tsunami e estabelecida a quarta colocação, Cartaxo ficou num beco estreito neste segundo turno. Seguir a decisão política do PT, orientada pelo comando nacional, e votar na reeleição do prefeito Cícero Lucena (PP) seria regurgitar miseravelmente o bolo de pesadas críticas ainda úmidas na garganta do deputado.

Fazer palanque para Marcelo Queiroga, o candidato de Bolsonaro e anti-Lula, soaria injustificável e tanto quanto pior nesse ambiente histérico de ideologização e polarização nacional, ainda que fosse para manter a coerência de oposição local a Cícero.

Luciano, portanto, não fez uma opção. Votar contra os dois foi a falta de opção, a porta de saída que lhe restou numa campanha que começou com todas as chances de polarizar com Cícero e terminou jogando (oportunidade) e conversa fora com Ricardo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *