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Luciano Agra: a ponte que virou viaduto

Foto: reprodução
Foto: reprodução

Na manhã desta quarta-feira (30), foi liberado o tráfego de veículos sobre o novo viaduto no bairro de Água Fria, denominado Viaduto Prefeito Luciano Agra. Mais do que uma obra de concreto e asfalto, que compõe parte de um conjunto de intervenções em mobilidade urbana para melhorar o trânsito na capital paraibana, o novo viaduto materializa um gesto de memória coletiva — e de justiça. A escolha do nome é uma homenagem acertada a um homem que foi, em muitos aspectos, uma ponte. Uma ponte de diálogo, de ideias, de simplicidade, de cidade.

Luciano Agra foi arquiteto, urbanista e gestor público. Mas, acima de tudo, foi um homem à frente do seu tempo. De perfil pacífico e vocação técnica, oxigenou João Pessoa com ideias modernas e humanizadas. Resgatou a autoestima arquitetônica da capital e conectou-a com o futuro. Com um olhar sempre voltado para a inclusão urbana, foi responsável por integrar planejamento e sensibilidade em políticas públicas que deixaram marcas físicas e simbólicas nas terras do extremo oriental.

Como secretário de Planejamento de João Pessoa e, posteriormente, como prefeito entre 2010 e 2013, Agra conduziu a cidade com firmeza tranquila — sem barulho, sem holofotes. Era daqueles políticos que areitavam mais no desenho da prancheta do que nos discursos feitos em palanques. Ainda assim, quando foi preciso tomar posições, não se omitiu. Em 2012, mesmo com 70% de aprovação popular, abriu mão da candidatura à reeleição e rompeu com o então governador Ricardo Coutinho, numa demonstração de independência política rara nos bastidores partidários. 

Foi o seu apoio a Luciano Cartaxo, até então um nome sem grande expressão nas pesquisas – tinha 4% das intenções, que definiu o rumo da sucessão municipal e redesenhou o mapa político da cidade. Esse gesto provou que Agra era mais do que arquiteto de prédios: era arquiteto de realidades possíveis.

Ao nomear o viaduto com o nome de Luciano Agra, o Estado e a cidade reconhecem sua contribuição silenciosa, mas profunda. Trata-se de uma ponte literal — o viaduto — que liga bairros, pessoas e destinos. Mas também é uma ponte simbólica entre a cidade que Agra sonhou e a que segue em construção. É um tributo que eleva não apenas o concreto, mas a memória de um homem que acreditava que o urbanismo podia ser, acima de tudo, humano.

Uma cidade desmemoriada é como um congestionamento, não sai do lugar. Sem dúvidas é uma homenagem que faz sentido, o urbanista que virou caminho

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