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José de Fátimo Matias e a descoberta da praga do bicudo-do-algodoeiro em Ingá (1983)

 
José de Fátimo Matias e a descoberta da praga do bicudo-do-algodoeiro em Ingá (1983)
O bicudo foi detectado em Ingá no dia 04 de julho de 1983 pelo técnico José de Fátimo Matias: “No dia 4 de Julho de 1983, ao visitar o imóvel rural denominado ngelo, de propriedade do senhor José Galdino de Lima, no município de Ingá, Paraíba, constatei que havia uma área de 100 ha. cultivada com a cultura de Algodão totalmente infestada pela praga denominada Bicudo (Anthonomus Grandis Boheman). Para um técnico com apenas noções sobre essa temível praga, não foi nada comum a surpresa que me envolveu naquele momento. De fato, apenas sabia que o Bicudo fora constatado em São Paulo e a sua presença naquela área aliás totalmente isolada das demais áreas de cultivo, constituía-se em mistério, até agora não desvendado. Apenas confirmou-se oportunamente que, depois de Campinas São Paulo, Somente Ingá detinha em seus campos de Algodão a terrível praga.” (MATIAS, 1984, p. 15).
Ciente que havia descoberto a praga do bicudo no município, José de Fátimo Matias tomou as providências necessárias e buscou oficializar a presença da mesma na Paraíba. Para isso, o mesmo se dirigiu ao Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (CNPA) localizado em Campina Grande. Chegando ao local, igualmente foi à surpresa que as autoridades do referido Centro tiveram. O que fez com que os mesmos autorizassem o deslocamento de técnicos e outros representantes da EMATER-PB para a localidade (MATIAS, 1984). Apesar da rápida ação dessas instituições, o bicudo possuía uma alta capacidade de proliferação. Poucos dias depois da incidência do bicudo, no dia 17 de julho de 1983, o jornal A União já relatava que 13 municípios paraibanos haviam sido atingidos pela praga. Já em dezembro de 1983, mais de 90% da área cultivada de algodão no Agreste Paraibano já estava infestada pela praga do bicudo (BASTOS et al., 2005). E para o caso específico de Ingá, que sofreu com o bicudo desde sua chegada, a realidade foi dramática. A produção de algodão do município foi praticamente extinguida.
Para mais informações ler:
LIRA NETO, José Batista de. O bicudo em Ingá-PB: a história da chegada da praga do bicudo no Nordeste Brasileiro (1983).