Fundac retoma terapia comunitária em unidades socioeducativas do estado
Cuidar da saúde física e mental dos adolescentes e jovens em cumprimento de medidas e dos seus familiares. Este é o papel da Terapia Comunitária nas unidades socioeducativas da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice de Almeida” (Fundac). As atividades terapêuticas fizeram parte das ações desenvolvidas pela diretoria técnica da Fundac em 2018 e, no mês de abril, por meio do eixo Abordagem Familiar e Comunitária, foram retomadas em quatro unidades socioeducativas do Estado.
“A Terapia Comunitária tem um papel importante no processo de cumprimento da medida, pois por meio dela se trabalha tanto a saúde física quanto a mental, bem como é uma forma de trabalhar os conflitos familiares e o fortalecimento das relações sociais. A terapia leva o socioeducando e suas famílias a refletir sobre a prática do ato infracional, levando o indivíduo a repensar sobre sua vida, ações e atitudes”, explicou Cida Pereira, coordenadora do eixo Abordagem Familiar e Comunitária.
Segundo Waleska Ramalho, diretora técnica da Fundac, o Eixo assume novamente essa ação, em parceria com as equipes técnicas das unidades, de forma a materializar a pedagogia da presença no processo de ressignificação da medida. “A terapia comunitária propicia a construção e reconstrução dos vínculos familiares, da interação família e corpo técnico e da escuta propositiva para melhor intervenção no atendimento”, disse a diretora.
Para Cida Pereira, o Eixo Abordagem Familiar e Comunitária tem a responsabilidade de articular as ações da Terapia Comunitária nas unidades socioeducativas. “Durante a atividade é possível trabalhar a autoestima e traçar novo projeto de vida. Pra mim a prática da terapia é um convite ao diálogo e ao descobrimento de novos conhecimentos, inclusive a conhecer a si mesmo, porém é importante estar aberto a essa nova descoberta”, disse a coordenadora do Eixo.
Neste novo ciclo de terapias comunitárias (2019) a diretoria técnica da Fundac, por meio do eixo Abordagem Familiar e Comunitária, está estendendo as atividades terapêuticas ao Centro Socioeducativo Edson Mota, ao Centro Educacional do Jovem e ao Lar do Garoto (Lagoa Seca). Neste mês de retomada das terapias, quatro unidades socioeducativas foram comtempladas: Centro de Atendimento Socioeducativo Rita Gadelha, Centro Educacional do Adolescente, Semiliberdade e Centro Socioeducativo Edson Mota.
Conceição Belmiro, assistente social da Fundac, explicou que a Terapia Comunitária, criada pelo psiquiatra Adalberto Barreto, está fundamentada sobre cinco pilares: Pensamento sistêmico; Antropologia Cultural; Teoria da Comunicação; Pedagogia de Paulo Freire; Resiliência. “Trata-se de um método que promove a atenção integral à saúde através do acolhimento, da escuta, diálogo, formação de redes sociais solidárias, troca de experiências e vivências entre os participantes, fortalecendo os vínculos e o resgate da autoestima”, pontuou Conceição.
Exercendo a técnica da Terapia Comunitária nas unidades Rita Gadelha e Semiliberdade com as adolescentes e seus familiares, Conceição Belmiro, enfatizou ainda, que a atividade terapêutica não está focada na doença, mas na competência das famílias, trazendo soluções para seus problemas cotidianos. “Terapia Comunitária é um espaço de partilha das inquietações, sofrimentos, preocupações, insônia e tudo mais que causa intranquilidade e mal estar ao ser humano, com a finalidade de incentivar a autonomia e a liberdade na relação consigo, com os outros”, acrescentou.
“Ao final da terapia eles percebem que o sofrimento não é apenas deles, mas também de outras pessoas que sofrem com eles, o que alivia e dá força a todos. O testemunho de cada um é muito emocionante, gostamos muito deste momento de partilha. Saímos encorajados, cheios de fé e com paz no coração”, relatou Nalícia Bueno, psicóloga e terapeuta no CEA e no CSE, seguindo a filosofia que diz: “Quando a boca cala, o corpo fala. Quando a boca fala, o corpo sara”.
“A Terapia tem sido muito importante para que nós, pais e filhos, possamos ter um momento de diálogo, espontâneo, onde podemos expressar nossos sentimentos e nossos filhos também podem expressar e falar o que sentem”, disse a mãe de um socioeducando. “Achei muito gratificante estar aqui, é muito bom estar aqui, queremos que nosso filho saia logo dessa e que o futuro dele seja gradativo. Quero agradecer a todos por esse dia!”, disse um dos pais, durante o encerramento da Terapia.