O II Festival da Cultura Quilombola será realizado pelo Governo do Estado, no dia 27 de novembro, no Quilombo da Serra do Talhado, em Santa Luzia. O local, que serviu de locação para o icônico filme Aruanda, reunirá neste dia representações artísticas de 32 quilombos paraibanos.
O evento, organizado e executado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB), está no calendário de eventos da gestão estadual, que integra a política de valorização, reconhecimento e divulgação das culturas dos povos originários e outras etnias, como ocorreu nos festivais de cultura indígena e cigana.
No dia 26, um sábado, haverá um evento de chamamento para o Festival, com programação artística, na Praça Alcindo Leite (Parque do Forró), no Centro de Santa Luzia, com exibição de filmes e apresentação de grupos de dança.
Trata-se de uma prévia, porque o Festival da Cultura Quilombola, com suas apresentações de artistas quilombolas, ocorrerá lá na Serra do Talhado, próxima à cidade, durante todo o domingo (27), explica o Secretário Damião Ramos Cavalcanti.
Programação
A programação artística do Festival está sendo montada pela equipe da Secult, que esteve em Santa Luzia durante três dias, discutindo e definindo as providências para a realização do evento, ao qual a Prefeitura Municipal tem dado todo apoio.
A equipe aproveitou a estadia na cidade e iniciou o processo de cadastramento de artistas quilombolas locais, coletando documentação e assinaturas para a elaboração de seus portfólios.
No dia 27, em pavilhão com palco montado no terreiro central da comunidade, se apresentarão forrozeiros, grupos de dança, expressões de cultura popular e teatro. Tendas vão expor as louças produzidas pelas louceiras do Talhado e artesanato dos demais quilombos, e também venderão itens da gastronomia quilombola.
No planejamento do Festival Quilombola, assim como nos demais, a Secult prioriza a voz dos próprios representantes dessas comunidades. Por isso estamos aguardando nomes e quantidades de grupos artísticos que estarão no Talhado. Os próprios quilombos estão definindo como participar e que artistas enviarão. A partir daí, montaremos a programação, explica Maria Marques, gerente de Articulação Cultural da SecultPB.
Os gerentes de área Mariah Marques (Articulação Cultural), Majorie Gorgônio (Coordenação Administrativa), Heleno Bernardo (Audiovisual), Vilma Cazé (Teatro e Circo), Bia Cagliani (Dança) e Bira Delgado (Música) se reuniram com a secretária de Cultura de Santa Luzia, Tereza Alves, com quem foi planejado o conteúdo artístico do evento.
Da Prefeitura de Santa Luzia, participaram das reuniões Lúcia Lira (secretária de Assistência Social e primeira-dama do município), Antônio César Nóbrega (secretário de Serviços Urbanos) e Washington Nóbrega (diretor de Turismo e mídias sociais). Nesses momentos se definiram, também, obras de melhoria de acesso, recuperação e pinturas de escolas no quilombo e outros itens de infraestrutura necessários à realização do evento.
Da comunidade quilombola, tomaram parte no planejamento Girleide Ferreira da Silva (presidente da Associação das Louceiras do Talhado) e Marinalva dos Santos (presidente da Associação Comunitária Quilombo Serra do Talhado). Gilberlan Ferreira (presidente do Conselho de Cultura da cidade) e o produtor cultural José Cláudio também participaram.
A Secult é a realizadora do II Festival da Cultura Quilombola, com apoio da Secretaria de Estado da Mulher e Diversidade Humana, e tem como principal parceiro a Prefeitura Municipal de Santa Luzia.
O Talhado
A comunidade quilombola surgiu no século XIX, por volta do ano 1890. Teria iniciado a partir do Negro José Bento Carneiro (Zé Bento), que fugiu de fazenda no Piauí. Ele e a esposa Maria Cecília da Purificação (Mãe Cizia) foram os primeiros moradores do quilombo, hoje chamado Quilombo da Serra do Talhado.
A maioria da comunidade é formada por parentes. Eles costumam casar entre si e mantêm uma forte vida comunitária. Muitas casas foram construídas ao redor do galpão das loiceiras (denominação para as mulheres artesãs que produzem louças de barro), onde são produzidas as peças que garantem a sobrevivência de boa parte das famílias, explicou a antropóloga Maria Ester Fortes, em depoimento ao site Paraíba Criativa.
As louceiras são as precursoras das atividades que passaram a gerar renda para sustento das famílias nos quilombos. Ao longo dos anos, o Talhado também revelou talentos artísticos em outras áreas, notadamente na música, sendo de lá muitos forrozeiros de destaque na Paraíba e no país.