Fernando Teixeira, 80 anos
Fazia tempo que não via Fernando Teixeira. Hoje eu o vi pela TV que mostrava a festa dos seus 80 anos e descobri que o tempo não passou para ele.
É o mesmo Fernando que revolucionou o teatro de Princesa Isabel na década de 70.
Contratado pelo prefeito Antônio Nominando Diniz, implantou o teatro, produziu e dirigiu peças e só não formou atores profissionais porque foi embora logo após o mandato do prefeito e os seus pupilos ficaram por lá, órfãos do professor e orientador, cuidando de outros afazeres.
O teatro fechou as portas com o fim do mandato de Nominando e com a despedida de Fernando, mas a lembrança desse brilhante profissional ainda hoje é viva na memória e corações dos princesenses.
Fernando, além do teatro, inaugurou em Princesa o hábito de comer jia. Pegava a espingarda e emboscava as coitadas arranchadas nos tanques de Dona Bezinha. Era um tiro e uma queda, e, ao término de vários tiros e de várias quedas, retornava com o bornal cheio.
Dali tirava o couro das falecidas e as preparava ao molho de tomate. A farra vadiava no Bar de Mirô Arruda, cana com jia, jia com cana, até o dia amanhecer.
Terminada essa fase, ainda encontrei com Fernando quando aqui comecei a minha peregrinação pelos jornais. Quase o ajudei datilografando os textos de uma peça que pretendia montar. Mas dali nos separamos. O jornal me tomou por inteiro e abandonei o sonho de ser ator.
Revê-lo agora, metido num elegante terno, o cabelo amarrado em rabo de cavalo e a barba ressaltando o ar do gênio que ele é, foi para mim um retorno ao tempo de Princesa, das peças teatrais, das jias de Dona Bezinha e das farras monumentais em comemoração aos sucessos que emplacou nos palcos sertanejos.
Ele bem que poderia nos ensinar a receita da juventude eterna.