Uma farmácia fantasma ligada a um número de telefone registrado em João Pessoa está no centro de um esquema nacional que desviou quase R$ 40 milhões do programa Farmácia Popular e financiou o tráfico internacional de drogas. A investigação da Polícia Federal revelou que a linha paraibana era usada por Célia Aparecida de Carvalho, apontada como fornecedora de CNPJs para a organização criminosa. A apuração é do programa Fantástico, da TV Globo.
O número de João Pessoa aparecia como contato de uma drogaria fictícia localizada em um terreno baldio. Segundo a PF, essa é uma das 148 farmácias de fachada ou reais utilizadas pelo grupo para fraudar o programa federal, que subsidia medicamentos para a população.
As fraudes envolviam o uso de CPFs de cidadãos comuns, a venda de empresas por laranjas e o registro de drogarias em locais onde nunca funcionaram. A partir dessas informações falsas, a quadrilha simulava vendas e desviava os recursos. O dinheiro, segundo a investigação, era usado para financiar a compra de cocaína na Bolívia e no Peru, abastecendo facções como o Comando Vermelho.
O esquema começou a ser desvendado após a apreensão de drogas em Luziânia (GO). As provas encontradas levaram à prisão de Clayton Soares da Silva, dono de farmácias no Sul e no Nordeste, e revelaram a estrutura do grupo, chefiado por Fernando Batista da Silva, o “Fernando Piolho”. Ele usava o nome da própria filha para abrir empresas e movimentar valores de forma disfarçada.
Fernando também é acusado de manter relações com traficantes estrangeiros e de repassar valores para a esposa de um integrante do Clã Cisneros, organização criminosa peruana. “Essa organização criminosa utilizou o programa Farmácia Popular para fazer a lavagem desses recursos. Posteriormente, passou a investir no próprio tráfico de drogas”, explicou o superintendente da PF no Distrito Federal, José Roberto Peres.
A mulher ligada ao telefone de João Pessoa, Célia Carvalho, também aparece negociando farmácias com Adriano Rezende Rodrigues, o “Adriano Tatu”, cuja drogaria em Cerquilho (SP) recebeu quase R$ 1 milhão do Farmácia Popular.
A PF estima que cerca de 160 mil CPFs foram utilizados ilegalmente. Um dos casos mais emblemáticos é o do dentista Gustavo, de Sumaré (SP), que descobriu que seu nome foi usado para retirar mensalmente 20 caixas de insulina, mesmo sem ser diabético.
Por Fonte83 -/vavadaluz