O que vi em Ingá no dia 16 de julho de 2020 me deixou atordoado, estado em que me encontro até o momento, e ficará na minha memória para sempre. Vi a dor e o choro de toda uma cidade. Pessoas dos mais variados estratos sociais, idades e espectros políticos irmanados no propósito único de, à sua maneira, prestar homenagens ao Sr. Manoel Batista Chaves Filho, ou melhor, ao tão querido Manoel da Lenha.
A despedida que Ingá o conferiu foi a demonstração cabal de que ele foi mais do que um prefeito.
Tive o privilégio de integrar sua equipe no cargo de Procurador Geral do Município em seus dois mandatos como Chefe do Poder Executivo, período em que estabelecemos uma relação de confiança e respeito mútuos, mas já o conhecia há bem mais tempo, através de Pierre, seu filho mais velho, a quem tenho a honra de ser amigo desde 2002, ano em que ingressamos na faculdade de Direito.
Testemunhei, em muitas oportunidades, sua forma única de se relacionar com aqueles que, por variadas razões, necessitavam dos serviços oferecidos pela prefeitura. Aos mais humildes, destinava uma atenção diferenciada. Incontáveis foram as vezes que vi despender recursos próprios para atender as necessidades daqueles que o procuravam, prática que o notabilizou e que tinha bem antes de exercer qualquer cargo público.
Seu legado é visível nas diversas obras e realizações administrativas que deixou, mas vai muito além disso. Fica a simplicidade, a descontração, a amizade, o companheirismo e a lealdade que lhe eram tão características.
À família, aos amigos e a todos a quem essa tragédia assolou de forma tão brutal, desejo que o nosso Deus, tão grandioso em misericórdia e graça, possa aplacar a dor e o sofrimento que ora nos entristece e que, com o tempo, permaneça em nossos corações apenas as boas recordações dos momentos vividos.
Anderson Amaral Beserra