QUEM NÃO TEM DINHEIRO CONTA HISTORIA : O menor discurso do mundo aconteceu em itatuba
O saudoso Maurino Rodrigues de Andrade, gostava muito desse escriba aqui e sempre me estava levando para festas, clubes, bares, onde de improviso, sob a refrão da galera de “Oh !Mamãe ou que calor” eu saudava os presentes com versos quentes e muitas vezes picantes, mas extremamente engraçados e sociáveis.
Pois muito bem, de cantador de improviso o Maurino descobriu em mim outra vocação, sendo esta mais rendosa, que era a de “Animador Politico” Locutor e Orador” em palanques políticos.
E assim aconteceu, fui o locutor e animador da politica de Zé Grande, aquela que dizia : “XÕ XÔ XÔ casaca de couro, seu Zé Grande tá eleito, seu Tiburcio tá no couro” , quando sou lembrado por Maurino para animar, orar, falar, gritar, espernear, na política de Cachoeira de Cebolas, nossa amada ITATUBA, sob os auspícios do também saudoso MAJOR HONÓRIO VALERIANO.
E assim aconteceu, negocio fechado, um pedacinho adiantado e pimba ! danei-me para João pessoa para convidar minha namorada LIA a acompanhar-me nessa empreitada.
Lia Albuquerque Viana de Sá, pelos sobrenomes nota-se que é uma jovem de familia prendada e por ser bonitinha vivia 24 horas sob os olhares atentos dos pais e irmãos, uma vigilância cerrada.
Encontro-me com LIA na saída do colégio, (única maneira que tínhamos para nos ver),
Conto-lhe do contrato e canto-lhe para parceria.
Como falei antes, a Lia era uma menina bem criada, pensada, que tinha os pés no chão e olhou-me bem nos olhos, apertou minha mão,(tempo que eu matutei: Jamais ela aceitaria uma proposta indecorosa dessas), ela apertou de novo a minha mão e disse : nós vamos daqui mesmo ou quer que eu passe em casa pra pegar umas duas calcinhas ?
Portador de uma Paixão desenfreada, a pulsação aumentou e disse-lhe : Daqui só pra frente, pra trás nada, e saímos que nem pinto em merda rumo a Rodoviária.
No caminho à Rodoviaria passamos num camelódromo de Bijuterias e compramos um par de alianças de latão dourado que colocamos para enganar o Major.
Em lá chegando, em Itatuba, fomos alegremente recebidos pelo major Honorio que ao ver aquela linda jovem foi logo perguntando :
Oxente Vavá, quem é essa mocinha?
– no que respondi : Oxente Major, e né minha esposa !!!-
Taí essa é novidade, num sabia nunca que tu tinha casado, continuou o Major
– Casei sim Major, e faz tempo disse-lhe mostrando a aliança que já tinha enferrujado, mareado, de João Pessoa a Itatuba
-Olhando a aliança mareada o Major Brincou : è se for pela aliança, faz tempo mesmo.
E mandou preparar um quarto de hóspedes que ainda hoje LIA quando fala em Itatuba, chora e rir.
Bem a conversa tá boa mas vamos ao trabalho e começaram os carros de som a berrar pelas ruas de Itatuba : É HOJE QUE VAI FALAR O UNIVERSITARIO VAVA DA LUZ, O BOCA QUENTE, O SEM PAPA NA LINGUA, e por aí vai.
O “Universitário” foi pra dar ênfase ao texto, afinal de contas eu sou filho do Universo, portanto…
E chegou a grande hora, a hora esperada por milhares de Itatubenses que prostrados frente a um caminhão/palanque colocado do outro lado da praça olhando pra casa do Major, viu-me subir sob o som do Clarim e de um locutor espanaviado : TAM TAM TAM RAM TAM RAM TAM RAM,
AGORA SIM, AGORA ITATUBA VAI OUVIR E CALAR COM UM DOS MAIORES PRONUNCIAMENTOS DE SUA HISTORIA POLITICA, FALA VAVA DA LUZ !!!
Peguei com categoria o microfone, olhei com calma e benevolência o publico como que querendo ter cada um deles no meu pensamento, arfei o peito e comecei :
POVO DE ITATUBA !!! (desviei a vista casualmente para a casa do Major, quando vi o Pai de Lia puxando-lhe pelos cabelos e mais duas outras pessoas)
DEPOIS EU CONTO, disse eu a multidão perplexa me vendo saltar de cima da carroceria do caminhão e sair em desabalada carreira.
E foi assim meu grande discurso em Itatuba, POVO DE ITATUBA, DEPOIS EU CONTO.
vavadaluz