Bolsas em crochê, confeccionadas na cadeia de Pombal, integram o projeto de ressocialização “o outro lado da moeda” com várias modalidades de artesanato confeccionado por reeducandos naquela unidade prisional. As peças estão à venda também na Loja Novo Tempo, instalada no Espaço Cultural, em João Pessoa. As bolsas foram expostas e vendidas em feira promovida pela prefeitura de Pombal na semana passada.
O secretário da Administração Penitenciária, João Alves, é um entusiasta das iniciativas e ações ressocializadoras que geram oportunidades aos privados de liberdade do Sistema Penitenciário da Paraíba. “São boas práticas que de fato contribuem positivamente na vida dos reeducandos que querem uma nova oportunidade no mercado de trabalho após cumprirem a pena. As iniciativas, aliadas às diretrizes traçadas pelo Governo da Paraíba, fortalecem essa política direcionada a pessoas em privação de liberdade. Na Seap, estamos nós e equipe, empenhados em multiplicar as parcerias buscando no dia a dia avançar com as metas de reeducar e capacitar essas pessoas e dois dos cinco eixos da ressocialização: educação e trabalho caminham sintonizados. Um é braço do outro na construção de remição de penas. Essas ações indiretamente também beneficiam os familiares dos reeducandos”.
A professora Josélia de Sousa Ferreira, da Escola Estadual Oito de Julho e idealizadora do projeto “O Outro Lado da Moeda”, que foi premiado com o “Mestres da Educação em 2023”, comenta: “É bem comum o julgamento na visão de apenas um lado da moeda, contudo, é da interação de ambos os lados que resulta o valor real. “O Outro Lado da Moeda” revela e define uma visão além das grades. Nessa visão, o indivíduo tem a liberdade de descobrir-se e reconquistar sua autoestima. Em nosso projeto, temos como lema a frase do escritor Augusto Cury, “Não posso mudar o que fui, mas posso construir o que serei”.
A educadora acredita que a arte é um poderoso instrumento de transformação social. Ela pode ajudar as pessoas a expressar suas emoções, a desenvolver sua criatividade e a encontrar um novo sentido para a vida. No contexto prisional, a arte pode ser um importante meio para promover a autoestima, a reintegração social e a redução da reincidência criminal.
O projeto “O Outro Lado da Moeda” oferece uma variedade de atividades artísticas para os reeducandos, incluindo: confecção de artesanato com materiais reciclados, argila e barro, produção literária, exposições de arte, origamis, arte em crochê e tudo o que a criatividade e as ferramentas podem proporcionar. Essas atividades podem ser utilizadas como fonte de geração de renda para detentos e albergados. Portanto, essa abordagem lança as bases para uma visão mais humanizada e inclusiva da educação, onde cada estudante, independentemente de seu contexto, é reconhecido como um ser em constante formação e transformação.
“Esse projeto de fato contribui para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, e receber reconhecimento é um estímulo para continuar trabalhando em prol da ressocialização de pessoas privadas de liberdade por meio da arte”, destaca a professora.
O “Outro Lado da Moeda” tem apoio da Seap por meio da Gerência de Ressocialização; cadeia de Pombal, na pessoa do diretor Antonio Mendes de Freitas; e da Secretaria da Educação, por meio do gerente regional de educação, Jorge Miguel Lima Oliveira.
Objetivos – Fomentar o empreendedorismo social no interior da Cadeia Pública do município de Pombal–PB, através do Projeto “O outro lado da moeda”; transformar a maneira como os detentos enfrentam os desafios sociais e ambientais; implementar uma solução inovadora para os problemas.
Metodologia – A metodologia se desenvolve mediante estudo de caso, por meio de uma abordagem interdisciplinar, valendo-se de entrevistas, relatos e aplicação da bibliografia disponível sobre essa importante abordagem de grande interesse nacional. Para melhor compreender esse novo tipo-conceito, este trabalho faz uma compreensão do direito ao trabalho e do conceito do empreendedorismo social aplicado ao sistema prisional. Com isso, será possível compreender sua importância para a reinserção dos detentos no meio social. Elencando recorte sobre a literatura especializada neste assunto.
Livro – A educadora tem divulgado a obra “Mulheres que Fazem Acontecer no Sistema Penitenciário da Paraíba”, “é um livro que destaca a força e a resiliência das mulheres que atuam nesse setor. Estamos compartilhando com a comunidade de Pombal a relevância do nosso trabalho e a importância de iniciativas que promovem a inclusão e a transformação social”, pontuou. A obra, publicada em junho, foi escrito por 33 mulheres que atuam no sistema penitenciário da Paraíba e traz conteúdos sobre gênero, ressocialização, gestão, com artigos científicos e relatos de experiência. Em agosto as autoras do livro serão homenageadas pela Câmara Municipal de Pombal.
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Ascom/Seap-PB
Por Josélio Carneiro
Fotos: Arquivo Seap