Pular para o conteúdo

Brasil terá maior Plano Safra da história, mas juros altos ameaçam orçamento, dizem especialistas

Brasil terá maior Plano Safra da história, mas juros altos ameaçam orçamento, dizem especialistas

Presidente da FPA disse à CNN que os R$ 410 bilhões atendem às demandas do setor, mas destacou que ainda há esforços em relação ao valor para equalização

Caso as cifras sejam oficializadas, o Plano Safra 2023/2024 terá o maior valor da história do instrumento de crédito. A versão anterior (2022/23) direcionou, em todas as linhas, R$ 340 bilhões ao setor

Caso as cifras sejam oficializadas, o Plano Safra 2023/2024 terá o maior valor da história do instrumento de crédito. A versão anterior (2022/23) direcionou, em todas as linhas, R$ 340 bilhões ao setor06/11/2013 REUTERS/Ajay Verma

Plano Safra 2023/24 deve ser o maior da história do país, com R$ 410 bilhões. Especialistas consultados pela CNN destacam, porém, que os juros altos podem comprometer a eficiência do orçamento, principalmente no que diz respeito à equalização.

A equalização configura um subsídio governamental dado aos produtores. Por meio dele, o governo cobre a diferença entre a taxa de juros praticada no mercado financeiro (que tem variações ancoradas na Selic, atualmente em 13,75% ao ano) e a taxa efetivamente paga pelo produtor.

“O governo, ao possibilitar taxa de juros para o Agronegócio mais baratas que a taxa Selic, gasta mais dos recursos públicos que poderiam estar direcionados em outras áreas, tanto sociais, como em atividades econômicas”, explica Valter Palmieri Jr, doutor em economia pela Unicamp e professor da Strong Business School.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), disse à CNN que os R$ 410 bilhões atendem às demandas do setor, mas destacou que ainda há esforços em relação ao valor para equalização.

“A pedida do nosso setor é de R$ 25 bilhões [para equalização]. O governo federal fala de algo em torno de R$ 20 bilhões, o que seria razoável, bom para o setor”, indicou o parlamentar.

O presidente da FPA indica que a atual Selic, de fato, dificulta o cenário para o Plano Safra, mas pondera que o atual patamar considera uma série de variáveis macroeconômicas. Lupion destaca que o setor “precisa da equalização para possibilitar o volume de negócios de mais de 400 bilhões [de reais]”.

Leonardo Trevisan, professor de Economia da ESPM, destaca que as taxas de juros altas afetam a economia como um todo e todas as etapas da atividade agrícola. “No setor, impacta todo o financiamento dos processos da produção à exportação final. A Selic é vital para a viabilidade do agronegócio”, indica.

Maior plano da história

Caso as cifras sejam oficializadas, o Plano Safra 2023/2024 terá o maior valor da história do instrumento de crédito. A versão anterior (2022/23) direcionou, em todas as linhas, R$ 340 bilhões ao setor.

“O agronegócio, de alguma forma, tem representado um equilíbrio, não só nas contas externas, mas um impulso forte para a atividade econômica. Quando você atende o setor com um Plano Safra, você está medindo o quanto o Brasil vai crescer neste ano. É essa a escolha”, indica Leonardo Trevisan.

Valter Palmieri Jr reitera a relevância do plano, mas destaca que o mecanismo “deveria ser direcionado para setores que necessitam de incentivos, como a produção agroecológica e de orgânicos e para a agricultura familiar”.

“Se os recursos do Plano Safra fossem direcionados para esses setores, que hoje recebem menos do montante total, teria grande contribuição para a segurança alimentar dos brasileiros, além do benefício para o meio ambiente”, opina.

Tópicos

Tópicos