Bolsonaro joga e mídia e esquerda mordem isca
O conjunto absoluto dos principais colunistas políticos do Brasil, hoje, pós-carnaval, é unânime: todos criticando, para dizer o mínimo, a inusitada tuitada do presidente Jair Bolsonaro. Fiz questão de ler todos.
Alguns textos transbordaram ira e revolta contra o vídeo de dois homens em gestos pra lá de obscenos num bloco carnavalesco. Nada mais previsível do que a reação da mídia.
Setores influentes da esquerda brasileira seguiram a pisada. Afoita, essa ala já sugere até abertura de impeachment por crime de responsabilidade. Quanta ironia.
A mesma esquerda que considerou golpe o impedimento de Dilma, pilota de um governo que se desmanchou feito sonrisal pelas denúncias de corrupção e crise econômica, agora consegue enxergar, exaltadamente, motivos para afastar o sucessor eleito.
Não se pode esperar de um Bolsonaro comportamento padrão e tradicional, compatível com a instituição Presidência da República.
A eleição dele, sem um programa claro para o País e lastreado essencialmente no anti-petismo, foi a própria expressão de ruptura do status quo.
É inocência querer fazer de Bolsonaro um “politicamente correto”, proferindo frases e empreendendo ações progressistas. Para isso, o Brasil teria eleito Fernando Haddad. O “capitão” fez o papel, desde o princípio, de contraponto. Seu discurso, para o bem ou para o mal, foi assimilado e das urnas saiu vencedor.
Por mais que se discorde, o que o presidente fez no twitter e continuará a fazer até o final do seu mandato é compatível para o que ele se propôs a representar. Bolsonaro não está nenhum pouco preocupado em seguir convenções, em ser elogiado pela imprensa ou aplaudido por movimentos sociais.
Ele escolheu um lado e faz tempo. Sabe para quem fala. Fala para a imensa maioria conservadora do Brasil, formada por cristãos católicos e evangélicos.
Uma legião que se sente desconfortável e repudia cenas (que não representam a festa momesca em si), como aquelas escatologicamente mostradas no polêmico vídeo.
O Brasil é isso, um país conservador, apesar de, contraditoriamente, também ser o “país do carnaval”.
Bolsonaro falou para os conservadores. Quando grita contra ele, a esquerda, sem perceber, entra no seu jogo e, involuntariamente, toma para si o outro lado dessa moeda. Caindo na perigosa armadilha de parecer representante dos protagonistas do degradante atentado violento ao pudor. Tudo o que Jair mais quer…