Já era de conhecimento público o desejo de Alain Delon pela eutanásia. O astro do cinema francês, que morreu no domingo (18) aos 88 anos, havia decidido acabar voluntariamente com sua vida por meio de um suicídio assistido, conforme revelou o filho dele, Anthony Delon, em março de 2022. O ator vivia na Suiça, onde o procedimento é legal, porém, no comunicado divulgado pela família, não é confirmado se esta vontade foi acatada.
“Alain Fabien, Anouchka, Anthony e (o seu cachorro) Loubo têm a imensa tristeza de anunciar o falecimento de seu pai. Ele morreu pacificamente em sua casa em Douchy, com seus filhos e familiares”, diz o texto divulgado pelos filhos do artista.
Alain Delon “foi ao encontro da (Virgem) Maria entre as estrelas que lhe são tão queridas”, declara ainda o comunicado, acrescentando que a “família pede para que sua privacidade seja respeitada neste momento de luto extremamente doloroso”.
Por diversas vezes, em entrevistas, Alain Delon — que fez história no cinema com clássicos como “O sol por testemunha”, “Rocco e seus irmãos” e “O leopardo” — manifestava ser favorável ao procedimento de suicídio assistido:
“Sou a favor (da eutanásia). Primeiro porque moro na Suíça, onde a eutanásia é legal, e também porque acho que é a coisa mais lógica e natural a se fazer”, disse o artista em entrevista a um canal de televisão local certa vez. “A partir de uma certa idade, de um certo momento, a pessoa tem o direito de sair tranquilamente, sem passar por hospitais, injeções e todo o resto”, declarou ele. Na mesma entrevista, o ator contou que já tinha seu testamento pronto, com a partilha de sua herança definida.
Em outra ocasião, Alain Delon falou sobre o seu processo de envelhecimento, o que não era tão bem recebido assim. “Envelhecer é uma merda! Você não pode fazer nada sobre isso. Você perde o rosto, perde a visão. Você levanta e, caramba, seu tornozelo dói”, reclamou o ator antes de ser hospitalizado após um AVC, em 2019.
As mulheres de Alain Delon: conheça os dois grandes amores do ator francês
Alain Delon. Foto: Divulgação
Morto no domingo (18), aos 88 anos, o ator Alain Delon ficou conhecido tanto por seus grandes papéis como por seus grandes amores. Ícone da beleza, o ator teve relações intensas com várias mulheres, tendo casado duas vezes (com a francesa Natalie Delon e a holandesa Rosalie Van Bremen). Porém, duas mulheres são associadas como o “amor da vida” do ator: as atrizes Romy Schneider (1938–1982) e Mireille D’Arc (1938–2017).
Após a morte de Mireille Darc em agosto de 2017, Delon afirmou publicamente que ela foi “a mulher da minha vida”. Ele disse à revista Paris Match que ambos foram extremamente felizes. E chegou a afirmar que, após a morte dela, ficou satisfeito de ter a idade que tinha, pois sabia que não viveria muitos anos sem ela, nem sofreria por muito tempo sem sua presença.
A paixão o começou em 1968, durante as filmagens do filme “Jeff”, de Jean Herman. O relacionamento durou 15 anos, e eles se transformaram em um casal emblemático da mídia francesa. Ex-modelo, D’Arc ganhou fama ao estrelar “Week-end” (1967), obra vanguardista de Jean-Luc Godard. Ela trabalhou ainda em longas como “O louro do sapato preto” (1972), que a lançou como símbolo sexual.
“Delon estava em um momento difícil de sua vida”, declarou D’Arc, que não podia ter filhos por conta de um problema cardíaco. “Eu estava lá, e me apeguei a esse homem que era um homem ferido, que era um homem à deriva”.
O relacionamento terminou em 1983, depois que Alain Delon conheceu a atriz Anne Parillaud, trinta anos mais jovem que ele, durante as filmagens do filme “Pour la peau d’un flic”. No mesmo ano, D’Arc sofreu um grave acidente de carro que desacelerou sua carreira.
Delon também cita sua forte ligação emocional com a austríaca Romy Schneider, que ele conheceu em 1958, durante as filmagens de “Christina” (1958). Na época, ele era um desconhecido, enquanto ela era uma estrela internacional por ter interpretado a Imperatriz Elisabeth da Áustria (Sissi) em uma série de filmes românticos nos anos 1950.
Em 1963, Delon a trocou por Nathalie Barthélémy, futura senhora Delon. A austríaca ficou muito abalada com a separação, mas os dois continuaram amigos próximos. Chegaram a trabalhar juntos em outros filmes, como “A Piscina” (1969), sempre com muita química.
Delon não foi ao funeral de Romy no cemitério de Boissy-sans-Avoir, para evitar jornalistas. Mas visitou o túmulo da atriz três dias depois. O ator conta que guardava em sua carteira uma foto do corpo da amiga, tirada em seu leito de morte.