Em meio à crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19, velhos e novos atores do cenário político ligados à Saúde viveram impulsionamentos de popularidade que abrem terreno para candidaturas em 2022. Além do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), que tenta se viabilizar numa chapa presidencial, o também ex-ministro Eduardo Pazuello é cogitado dentro da base bolsonarista para concorrer a cargos no Amazonas ou no Rio.

Outro que começa a despontar é o atual ministro, Marcelo Queiroga, cogitado pelo Planalto como possível candidato ao governo da Paraíba ou ao Senado.

A aposta é que, com o avanço da vacinação, Queiroga leve o crédito pela melhora do quadro da pandemia e se cacife para as eleições de 2022. A análise nos bastidores é que, como não há aliados de peso do governo no estado, o nome de Queiroga possa ganhar força. Procurado pelo GLOBO, Queiroga, que não é filiado a nenhum partido, disse que está voltado integralmente para enfrentar a pandemia.

Já Pazuello, investigado pela CPI da Covid pela demora na aquisição de vacinas e pelo estímulo ao tratamento precoce em um cenário que já levou até agora a mais de 530 mil mortes no país, ainda goza de prestígio com o clã Bolsonaro e tem sido lembrado para disputar o governo ou o Senado. O Planalto avalia que a crise de abastecimento de oxigênio no Amazonas não foi suficiente para prejudicar a imagem de Pazuello, que, como militar, atuou naquele estado. A candidatura no Amazonas, porém, tornou-se mais difícil porque o ex-lutador e campeão de MMA José Aldo já disse a Bolsonaro que quer concorrer ao Senado no estado com apoio do presidente.

Se confirmadas as candidaturas, tanto Queiroga quanto Pazuello deverão disputar as eleições pelo futuro partido de Bolsonaro, que ainda não definiu a qual legenda se filiará.

Hoje adversário político de Bolsonaro, Mandetta liderou o combate à pandemia por quase dois meses até ser demitido, em abril de 2020. Na época em que deixou a pasta, o país tinha pouco mais de 1,9 mil mortos pela doença. Seu apoio a políticas de isolamento social e sua recusa em orientar medicamentos sem eficácia comprovada como tratamento para a Covid-19, que geraram embates e divergências com o presidente, levam Mandetta a buscar construir uma chapa de terceira via à Presidência.

— A pandemia exigiu liderança e ali apareceram líderes positivos e negativos. Como alguém que lidera a questão entre vida e morte opta por um caminho que causa morte? — diz Mandetta, numa prévia do discurso eleitoral.

Secretários cotados
Outras figuras que ganharam evidência e buscam se cacifar para 2022 são o atual presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e secretário de saúde do Maranhão, Carlos Eduardo Lula, e a Secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”. Em 2018, Pinheiro disputou vaga ao Senado no Ceará pelo PSDB, mas não foi eleita. Ela havia ganhado projeção política à época por se opor à chegada de médicos cubanos para o país por meio do programa Mais Médicos, do governo Dilma Rousseff (PT).

Hoje, embora sem partido, Pinheiro é citada como possível candidata ao mesmo cargo, agora dentro do campo bolsonarista. No início do mês, ela chegou a compartilhar uma enquete nas redes sociais que colocava seu nome entre postulantes ao Senado, embora negue intenção de concorrer.

Carlos Eduardo Lula, por sua vez, filiou-se na semana passada ao PSB, mesmo partido para o qual migrou o governador Flávio Dino. A ideia é que Carlos Lula concorra a deputado estadual e federal, com uma plataforma política de defesa do SUS. Na pandemia, ele ganhou projeção por liderar os secretários estaduais de Saúde e entrar em atrito com o governo federal por causa de ações na contramão de medidas sanitárias, como as tentativas de Bolsonaro de flexibilizar o uso de máscaras.

— A pandemia deu muito mais visibilidade para a pasta que estou tocando — afirma.

 

O Globo