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Blog do Vavá da Luz

             A Pedra do Ingá quer contar uma história para você leitor…….                                                                                                                              ( Jean Patrício da Silva)]

             

Jean Patrício acima de camisa preta com amigos e familiares

                      A Pedra do Ingá quer contar uma história para você leitor…….

                                                                                                                              Jean Patrício da Silva

                 No ultimo dia 30 de junho, estive com a minha família na cidade de Ingá, distante aproximadamente 107 km da capital do Estado, João Pessoa, para visitar um dos maiores patrimônios arqueológicos do mundo (e não e exagero), a chamada pedra do Ingá, ou a Itacoatiara.  Havia 25 anos que tinha estado no parque, onde se localiza a Itacoatiara, e a expectativa era enorme para realizar o turismo pedagógico. Fui recebido de maneira magistral pelo Tabelião Antonio Tito e família. Chegando à Itacoatiara, me deparei com alguns melhoramentos, que não existiam 25 anos atrás, como a delimitação do parque, e um maior rigor na preservação da Pedra do Ingá (quando fui à primeira vez, podíamos tocar na pedra, colocando em risco a preservação das inscrições rupestres), dentre outros pontos.

                Entretanto, nada me causou tamanha surpresa, quando encontrei dentro do parque, um cidadão simpático e atencioso, que pela sua dedicação e luta pela Itacoatiara, deveria ter seu nome registrado dentre os heróis de nosso Estado. Estou falando de Walter Mario Gois da Luz, mais conhecido por “Vavá da Luz”. Fiquei impressionado com a sua luta e determinação em preservar um monumento que não e da Paraíba, mas do mundo.

                Usei esta metáfora, para observar que a história da pedra do Ingá, esta marcada pelo binômio (luta e resistência), a começar pela sua descoberta. Em meados de 1939, a região onde se encontra a Itacoatiara estava sendo dinamitada, para que suas pedras fossem utilizadas em obras públicas. Tinha-se perdido quase todo o patrimônio arqueológico, quando Leon Clerot, atuante sócio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, notou a riqueza e importância do lugar. Diante de sua luta, a obra foi embargada, e o que restou da pedra, tombada pelo IPHAN em 1944.

                Passaram-se décadas, e a pedra do Ingá, continua lutando. Seja contra o descaso do poder público federal (IPHAN) que até o presente momento não realizou nenhuma obra estruturante naquele local (será que vamos esperar mais 70 anos?). Fiscalizar o local e importante, demarcar o parque, etc. Mas e as pesquisas? E os investimentos no local? Porque a iniciativa privada e o poder público federal não investem no local? Quais os impedimentos? A sociedade gostaria de saber.

                A serra da Capivara, (onde estive no mês de janeiro deste ano) tem uma mega estrutura, com museus, centros de pesquisa, onde a história dos nossos antepassados é contada de forma magistral. E porque não em Ingá?

                Resistir parece à outra sina da nossa Itacoatiara. Não só contra o tempo, mas contra determinadas interpretações que muitas vezes, baseada no discurso de que “ninguém valoriza a nossa  história”, repetem este discurso como forma de justificar o injustificável.

                A pedra do ingá clama por ajuda. A mesma esta na UTI. Vavá da Luz como “medico” e competente, mas não e santo para operar milagres.  Precisamos salvar a nossa Itacoatiara. Caso isso não aconteça, vamos ser lembrados pelas gerações futuras, não como uma civilização que esta na esteira da Pós-modernidade, mas sim como um povo que, não conseguiu superar algo elementar na história das civilizações. O respeito por sua memória.

Jean Patricio

[1] Advogado e Historiador. Professor de Direito Constitucional e de História em cursos de graduação e pós-graduação. Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP).