Brincadeira infantil que virou meio de transporte urbano ainda carece de regulamentação e enfrenta conflitos com pedestres; entenda situação

Patinetes elétricos
Divulgação

Uso das patinetes como meio de transporte subiu nos últimos meses

O roteiro após a chegada das patinetes elétricas, assim mesmo no feminino, parece ser o mesmo em cada uma das 12 cidades brasileiras que receberam este transporte. A princípio euforia, principalmente porque as prestadoras deste serviço oferecem promoções para a primeira utilização. Posteriormente, após denúncias de mau uso através nas redes sociais, como veículos em alta velocidade e acidentes, o poder público começa a se movimentar para discutir uma regulamentação.

Um dos problemas enfrentados é o uso das patinetes nas calçadas, onde a velocidade máxima permitida é de 6 km/h. Esses veículos chegam a andar a 20 km/h e devem preferencialmente circular em ciclovias ou na rua. Outra coisa: é preciso de alguma habilidade e muita atenção para conduzi-las. Suas rodas pequenas podem entrar num buraco e causar quedas e lesões graves.

As patinetes não são nem definidas no Código de Trânsito Brasileiro, portanto não é necessário habilitação para pilotar uma delas. Em São Paulo, circulam atualmente pelo menos mil desses veículos, que podem ser utilizados pelo preço de R$ 3,00 para ligar mais R$ 0,50 por minuto. Segundo Marcel Bely, gerente de relações públicas da Yellow, uma das principais empresas a oferecer este serviço, há um constante diálogo com o poder público para obedecer às recomendações e conscientizar os usuários.

“As patinetes são rastreadas por GPS, o que já evitou episódios indesejados e ainda levou à recuperação dos equipamentos e à apreensão dos envolvidos em furtos e roubos”, diz. Quanto à segurança, ele afrima que o usuário se responsabiliza pela própria e a dos pedestres ao concordar com as condições do serviço. Recomenda-se usar capacete para conduzir o veículo.

Para o diretor presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, José Aurélio Ramalho, as empresas e o poder público devem trabalhar em conjunto para garantir a melhor solução. “É uma questão de bom senso. Ao estacionar, por exemplo, o usuário não deixar largado na rua e a prestadora de serviço oferecer o local adequado para que a patinete seja estacionada”.

Um problema que tem se tornado freqüente nos bairros da Zona Oeste de São Paulo, é se deparar com um patinete deixado na calçada sem nenhum cuidado e barrando o caminho dos pedestres. Segundo Ramalho, o deslocamento a pé representa 30% da distância percorridas nas cidades brasileiras. Esses pedestres são potenciais usuários das patinetes.

A nova mobilidade

O redator Vitor Azevedo, residente em São José dos Campos, é um usuário frequente das patinetes. Segundo ele, existem opções mais baratas, mas a patinete é atraente em alguns passeios. “Uso para ir ao banco ou ao cinema, porque, além de ser prático, é bastante divertido”, afirma. “Não tive problemas para usá-la porque ando de skate, mas para quem não está habituado pode ser arriscado, por ser bastante rápido”, acrescenta.

Apesar do Departamento Nacional de Trânsito afirmar que existe a intenção de elaborar uma regulamentação própria para as patinetes, nada foi definido ainda e cada cidade deve conduzir seus próprios processos. Até agora, apenas as prefeituras de Vitória e Florianópolis expediram decretos, enquanto a Secretaria de Mobilidade de Recife proibiu que as patinetes fossem deixadas nas calçadas, exigindo áreas delimitadas para que os usuários estacionem os veículos.

Em São Paulo, primeira cidade a receber o serviço, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes ainda não definiu regras, mas já instituiu um grupo de trabalho para discutir o uso das patinetes , afirmando estar em contato com prefeituras de Nova York e Paris para tratar de forma adequada do problema.