A mijadinha do Senador
A incontinência verbal não é algo novo na história do senador José Maranhão e, pelo menos para nós os seus conterrâneos da Paraíba, essa coisa não surpreende.
Mas, para os outros brasileiros…
Por isso a tal “mijadinha” que ele anunciou sentado na mesa de Presidente do Senado Federal sábado passado causou tanto frisson Brasil afora, com direito a risos, chacotas e piadinhas de todos os vieses e matizes.
Mijar, a gente sabe, nunca foi novidade para ninguém no reino animal. Reis e rainhas mijam. Príncipes e princesas, idem. O jumento mija. O Papa mija.
Todos mijamos!
Mas, avisar sobre esse instante do desague é que é o ponto da questão envolvendo Zé de Araruna, mas ainda assim nada que se possa censurar.
No caso do nosso velho e estimado senador – aliás, hoje o mais velho da República e por isso mesmo legalmente ungido à presidência temporária na eleição da Mesa da Casa – o seu aviso se tornou imperioso e urgente.
Aos 85 anos de idade, convenhamos, segurar a bexiga não é lá tarefa das mais fáceis.
E ele estava presidindo a eleição do Senado, uma responsabilidade gigante, quando a incontinência urinária lhe bateu nos repousados testículos do modo mais inesperadamente imaginado e logo em uma hora em que não dispunha de um substituto para a missão que o Regimento lhe dera.
Poderia ter-se prevenido, indo ao mictório antes de presidir a sessão histórica; ou, por hipótese de exceção, ter vestido uma fralda geriátrica, coisa muito comum em quem, como ele, tem a glória de ultrapassar oito décadas de vida.
Mas nosso Zé sempre soube esbanjar vitalidade e, dizem lá pelo Altiplano do Cabo Branco, ainda faz coisas que menino de 16 não consegue!
Por essas e outras, confiando demasiadamente no seu taco, não iria mesmo ligar para a eventualidade de vir a precisar de uma mijadinha qualquer num dia de tanto orgulho pessoal.
Só não contava com a indiscrição da tecnologia, aquela mesma quando, em programa ancorado por Hélder Moura no Sistema Correio, disse indiscretas impropriedades para diminuir Ricardo Coutinho, por quem veio a ser derrotado na disputa pelo Governo da Paraíba anos atrás quando ainda a mijadinha conseguia segurar.
Zé até pode, nessa idade onde tudo lhe é tolerável, segurar o mijo e até outras coisas que as necessidades fisiológicas embrulham, mas a boca – como agora se viu – tem sido impossível. Daí a necessidade de que a sua assessoria, ou mesmo a família, lhe explique que microfones, computadores, televisão, celulares, essa parafernália toda da vida moderna, tem muitos gumes…
E nem todos em favor do interlocutor.
Ainda bem que a mijadinha e respectivo aviso se deram no Senado, a outrora Casa dos Velhos da República onde tudo continua tolerável, mesmo nos momentos risíveis.