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Blog do Vavá da Luz

A Lição do Mestre aos Aprendizes da Arte Real

mestre“É necessário que ele cresça e que eu diminua”. João, 3-30

Atendendo, de pronto, ao pedido do Poderoso e Soberano Irmão Onildo Silva Almeida Filho, Grão-Mestre do Grande Oriente da Paraíba (GOPB), para que reflitamos sobre o lema “LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE” e deixemos de lado essa nossa IGNORÂNCIA e ARROGÂNCIA”, entrego aqui os primeiros resultados da reflexão sugerida, na expectativa de receber orientações e ajuda no sentido de aperfeiçoar o meu exercício de desbastar a pedra bruta.

Devo de imediato agradecer ao Poderoso e Soberano Irmão o convite e parabenizá-lo por tão feliz iniciativa de tornar público o debate de ideias, de abrir o diálogo entre obreiros livres e fraternos.

O lema da revolução francesa é tido, entre os maçons, como sendo também o lema da maçonaria. Isto é, tal lema seja equivalente a uma utopia que preconiza uma sociedade justa e perfeita, em que todos os obreiros são livres, iguais e fraternos.

Todavia, não no sentido de que os membros são tão iguais, que não exista a possibilidade de que cada membro preserve a sua identidade. Se assim fosse, teríamos uma contradição, pois se todos forem livres, todos devem e podem preservar as suas identidades. Portanto, ensejando discussões entre eles, exatamente por existir formas diferentes de vê, de sentir e de pensar, decorrentes da preservação da identidade e integridade de cada membro da sociedade.

Quando se diz iguais, o que se pretende é que sejam iguais perante a constituição do Estado de Direitos e Deveres. Quando se diz livres, o que se pretende é garantir o direito de expressão e do exercício do livre pensar, sentir e se expressar de cada membro. Quando se diz fraterno, significa que a discussão visa antes de tudo o diálogo entre os membros, jamais a submissão à vontade de um eventual dirigente da sociedade. No caso de submissão, da ausência de diálogo, não haveria uma sociedade baseada em princípios democrático, mas uma tirania.

A inexistência de debates de ideias, do diálogo entre os membros caracteriza antes de tudo uma sociedade ditatorial, exatamente o que era combatido pela revolução francesa e pelos obreiros das lojas maçônica à época.

As  organizações que se constituíram, ao longos dos últimos três séculos, em nome dos ideais da maçonaria, pretenderam (e penso que ainda pretendem) ser modelos de uma sociedade democrática, justa e perfeita. Daí a existência da divisão do poder em três manifestações ou instâncias: do legislativo (que formula, debate, e aprovam as leis, normas, aplicação de recursos, etc); do executivo que administra a organização em observância as leis, e; do judiciário que julga se as leis estão sendo observadas e faz a mediação dos conflitos de interesses (por exemplo, nas eleições).

Uma organização maçônica pode ser considerada justa e perfeita na medida que cada membro da sociedade ascenda aos postos de comando baseado no critério do mérito.

A Lenda de Hiram, base da maçonaria hodierna, sintetiza o que afirmamos. Nesta os obreiros são distinguidos, conforme as suas aptidões e níveis de aperfeiçoamento das mesmas, nas categorias de aprendizes, companheiros e mestres. As instruções serão repassadas aos obreiros em conformidade com o grau em cada obreiro esteja colado. Logo, não somos todos iguais. Somos como a vida, estamos em permanente processo de mudanças. 

É bom lembrar que a existência do estado democrático, de direito e deveres para todos, surgiu das lutas que resultaram na revolução francesa, com a derrubada da tirania da Monarquia Francesa. 

Em outro momento histórico, que é considerado de máxima importância para a evolução da humanidade, se dá a Declaração dos Direitos Humanos. Nesta estar declarado a igualdade entre os seres humanos como metas para todos os estados democráticos. 

É oportuno observar que o Estado Brasileiro tem evoluído muito mais que as organizações maçônicas brasileiras em relação  aos direitos humanos. No estado brasileiro o lema “LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE” é para todos os humanos, não apenas para os homens, como a maioria das potencias maçônicas no Brasil assim entendem, reservando para as nossas cunhadas um papel secundário e acessório.

Entendo que o Poderoso e Soberano Irmão Onildo Silva Almeida Filho – doravante sendo citado, por uma questão de brevidade, apenas como Amado Irmão Onildo Filho –  agiganta a nossa potência ao colocar para reflexão e, claro, para debate a questão dos direito humanos, concretizado na  igualdade de direitos e deveres, liberdade de expressão e relacionamento fraterno entre os obreiros.

Amado Irmão Onildo Filho afirma que não existir donos da maçonaria. De fato, parece não existir consenso entre os historiadores, e nem entre as autoridades maçônicos, a respeito da origem do conceito maçonaria. O que temos são registros  e documentos das organizações que se autodenominam maçônicas.

A única possibilidade de existir donos da “maçonaria” ocorreria se um grupo de mestres maçons resolvesse se manter no comando de uma organização maçônica, apenas circulando os postos entre os membros do mesmo. Neste caso, se trataria de obreiros que teríamos uma grande dificuldade em reconhecê-los como maçons. Portanto, concordo com o Amado Irmão Onildo Filhoquando afirma que a maçonaria (penso que se referindo a nossa organização maçônica) não possui donos, e nem tão pouco um dono.

Por outro lado, a existência destas organizações maçônicas não garante a efetiva existência de uma prática maçônica regular. Tanto é assim que existem os chamados Tratados de Reconhecimento Mútuo, dando origem ao conceito de regularidade maçônica. Por exemplo, o Grande Oriente do Brasil (GOB) por não ter assinado com o GOPB um Tratado de Reconhecimento Mútuo, não reconhece como regular a nossa organização. Logo, os membros do GOPB não são iguais, em direitos, aos obreiros do GOB.

Concordo com o Amado Irmão Onildo Filho ao afirmar que não estamos mais no tempo da ROMA ANTIGA, quando os Césares da vida comandavam e desfaziam no Império Romano. É fato que não estamos naquela época. Todavia, vivemos na contemporaneidade em que qualquer Grão-Mestre de outra potência maçônica brasileira, pode não reconhecer os obreiros do GOPB como regulares.

Aliás, é bom lembrar que, qualquer  Grão-Mestre pode fazer uso dos antigos landmarks (elaborados na idade média) para descumprir as normas contidas na Constituição e Regimento Geral da sua potência maçônica. 

Conclamo a todos os amados irmãos a seguir o conselho doAmado Irmão Onildo Filho: “vamos realmente ser irmãos deixando de lado as nossas indiferenças e vaidades, pois a vaidade só nos traz a INTOLERÂNCIA e a INCERTEZA”.

Deixemos de lado a nossa indiferença, intensificando a participação nas atividades das nossas augustas lojas maçônicas, e assim, propiciando condições para renovação das lideranças e com isso colhendo as condições para que a vaidade não mais predomine entre aqueles que pensam, lamentável e equivocadamente, que estão servindo a nossa Potencia e a Humanidade, quando de fato estão servindo ao mal do carreirismo. Aliás, basta contemplar um carreirista para se verificar no mesmo a intolerância e as incertezas que ele traz à qualquer potência maçônica a que ele esteja filiado.

Sugiro, humildemente, aos Veneráveis Deputados do GOPB que aprovem leis restringindo a recondução aos cargos eletivos e de confiança, de modo que cada obreiro após ter cumprido o seu mandato (ou exercido um cargo, ou mais, de confiança por um período preestabelecido)  passe por um período sabático. Assim estaremos, de fato, observando a orientação de São João, dadas aos seus aprendizes e seguidores. Melhor exemplo não daria os nossos veneráveis mestres se seguissem esta orientação (João, 3-30), não aceitando, sob pretexto algum, ser reconduzindo aos cargos que ocupam.  

Melquisedec, obreiro regular do GOPB.

Postado há 19 hours ago por Hiran Melo