O dia em que Lula chorou
“As pessoas que condenaram eu duvido que possam olhar para os netos como eu olhava para você. Vou levar para você o meu diploma de inocência e vou mostrar quem é ladrão e quem não é”, disse Lula, nas palavras de um de seus auxiliares.
Autorizado pela Justiça, Lula deixou a Superintendência da Polícia Federal no Paraná pela manhã, cercado por um forte esquema de segurança. Usou um avião do governo do estado, cedido pelo governador Ratinho Junior (PSD), e chegou ao velório por volta das 11h20. A cremação do corpo da criança, filha de seu filho Sandro e de Marlene, estava prevista para as 12h.
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A chegada de Lula ao velório do neto Arthur, de 7 anos, ao velório em São Bernardo, com muitos policiais federais e PMs. Pessoas gritavam palavras de apoio ao petista.
02:10 PM – 02 Mar 2019
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Lula foi recebido com palavras de ordem de algumas centenas de militantes, que se postaram na entrada do velório, sem autorização para entrar. Apenas acenou para as pessoas e, no recinto onde encontrou a família chorou várias vezes.
Ele se debruçou sobre o caixão do menino para acariciar o neto. Na frente do caixão, os pais de Arthur colocaram as bolas de futebol, as chuteiras e seus brinquedos prediletos.
O ex-presidente ficou ao lado de um menino de nome Pedro, que era o melhor amigo de Arthur Araújo Lula da Silva. Lula conhecia o garoto.
O ex-ministro Gilberto Carvalho lhe deu o telefone celular por duas vezes para que ele recebesse os mensagens de pesar. Primeiro foi o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que sempre foi crítico ao petista. Depois, o teólogo Leonardo Boff, seu amigo.
A ligação de Gilmar Mendes, que atravessou a linha das divergências políticas, comoveu toda a família. Já políticos de esquerda se revezavam ao lado do ex-presidente, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-prefeito Fernando Haddad, e os líderes do MTST (Movimento dos Sem Teto), Guilherme Boulos, e do MST (Movimento dos Sem-Terra), João Pedro Stedile e João Paulo Rodrigues.
Presidente do Instituto Lula e também tio-avô de Arthur, Paulo Okamotto deixou o velório para falar com a militância, que não parava de entoar palavras de ordem, a despeito do pedido do partido para que evitassem manifestações políticas.
Okamotto disse aos militantes que Lula estava proibido de ficar em recinto aberto e de fazer discurso. Afirmou que o espaço era pequeno para receber a todos e pediu tranquilidade.
Entre as coroas de flores recebidas pela família, estava uma enviada pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro.
A presença ostensiva da Polícia Militar, que chegou ao Cemitério Jardim da Colina com dezenas de viaturas, incomodou os parentes da criança, que se queixaram com policiais que entraram no recinto do velório. Eles também se sentiram incomodados com agentes da Polícia Federal que, acompanhando Lula, ficaram com os rádios ligados.