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78 ANOS DO TOMBAMENTO DAS ITACOATIARAS DO INGÁ (J. Lira Neto)

 

O sítio das Itacoatiaras do Rio Ingá (PB) foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 29 de maio de 1944 com a característica ímpar de ser o primeiro sítio de arte rupestre protegido no Brasil.¹ Então, nesse ano que se completam 78 anos do tombamento da Pedra do Ingá é justo conhecermos um pouco dessa história.

Por meio do Ofício Nº 1108 de 22 de dezembro de 1943 enviado por Heloísa Alberto Torres, então diretora do Museu Nacional, ao diretor do SPHAN, Rodrigo Melo Franco de Andrade, podemos conhecer o início desse processo de tombamento, já que a referida alegou o seguinte:

“Senhor Diretor,
Tendo sido enviado à Secção de Antropologia e Etnografia deste Museu, uma carta-relatório do Sr. José Antero Pereira Junior juntamente com documento fotográfico, cuja cópia vai anexada ao presente ofício, sobre as Itacoatiaras de Ingá, pareceu-nos digna de apoio a ideia do Sr. José Antero no sentido de serem as referidas itacoatiaras protegidas contra depredações, pelo menos até que se proceda a estudos, cujo resultado indicará a conveniência de levantamento ou manutenção do tombamento.”²

A diretora do Museu Nacional destacava, então, a necessidade de proteção contra depredações. E resumidamente tal ação resultou na inscrição do sítio arqueológico das Itacoatiaras do Rio Ingá no Livro do Tombo 2 (Histórico) e no Livro do Tombo 3 (Belas Artes) em 29 de maio de 1944. Portanto, essa data deve ser relembrada para lembrarmos que é dever de todo ingaense, paraibano e brasileiro contribuir com a proteção das Itacoatiaras do Ingá, tão importante patrimônio nacional!

¹ IPHAN. Itacoatiaras do Rio Ingá (PB). Disponível em:http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/824
² Ofício Nº 1108 de 22 de dezembro de 1943 localizado no Processo Nº 0330-T-43.
Figura 1: Fotografia de Clerot retirada da produção “Itacoatiaras” de José Anthero Pereira Junior de 1943.
Figura 2: Trecho do Processo Nº 330-T-43, relativo ao tombamento das Itacoatiaras do Ingá.

Você sabia que já tentaram destruir a Pedra do Ingá? “Estão destruindo os famosos petróglifos de Ingá” (1952)

Em novembro de 1952, em correspondência enviada pela Sociedade Paraibana de História Natural ao Diretor do Patrimônio Histórico e Artístico, Rodrigo M. F. de Andrade, a referida Sociedade solicitava providências para que as Itacoatiaras do Ingá não fossem destruídas, já que as referidas estavam sendo ameaçadas pela ação de exploradores de pedreiras, sendo publicado até na imprensa tal denúncia.¹ Com matéria intitulada “Atentado contra um Patrimônio Histórico: Estão destruindo os famosos petrogrifos de Ingá” o jornal O Norte denunciava tal ato:

“Se não nos falta a memória, o Professor Rangel quando Prefeito do Município, doou a “Itacoatiara” do Ingá ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, afim de que, tombada, fosse preservada de estragos e conservada como precioso legado do passado. Infelizmente a inconsciência dos fornecedores de paralelepípedos para a pavimentação da cidade iniciou a obra vandálica de sua destruição.
A pedra central ainda existe; as demais, menores e também lavradas foram partidas e o trabalho de destruição continua estúpido e incessante e assim em breve tempo terá desaparecido o mais importante e curioso monumento pré-histórico nacional.
A Sociedade Paraibana de História Natural, que verificou “in loco”, o que aqui fica relatado protesta por esse ato de vandalismo e faz um apelo ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e ao Sr. Prefeito do Ingá e demais autoridades competentes para que seja sustada a destruição da Pedra Lavrada do Ingá.” (O NORTE, 30 nov. 1952, p. 4)

Estava, então, a Pedra do Ingá sendo destruída, mas felizmente tal destruição foi interrompida. Tal fato deve ser relembrado para que nunca mais se repita, pois todos nós ingaenses e brasileiros devemos zelar e lutar pela preservação de tão importante patrimônio nacional, a nossa querida Pedra do Ingá.

¹ Processo Nº 0330-T-43.
² O NORTE, 30 nov. 1952, p. 4.

Pesquisador: J. B. Lira Neto.