Casamento coletivo foi realizado no Parque do Povo nesta sexta-feira (13).
Cerimônia teve casais homoafetivos pela primeira vez em 15 anos de edição.
A noite fria de sexta-feira (13) de lua cheia em céu nublado não desanimou os noivos. Se a data colocava medo, os casais tinham um protetor, o santo casamenteiro. Pela primeira vez em 15 anos, o casamento coletivo do São João de Campina Grande ‘casou’ com o dia de Santo Antônio. É muito casamento para uma frase só, aliás, são muitos casais para uma cerimônia só. Foram trezentas pessoas, 150 casais que disseram ‘sim’ a um juiz de direito durante a cerimônia de união civil.
Este era o ano das novidades no evento, a começar pela data e seguindo pela história de alguns casais. Dois pares homoafetivos participaram da cerimônia e selaram a união civil dentro do tradicional casamento. Gheyson Figueiredo Lucena [agora] de Paiva já morava com José Lucas Lucena de Paiva há mais de dois anos.
“Este é um momento especial que quebra tabus e que, mais do que isso, nos garante o direito que é nosso. Independentemente dos efeitos disso, que são ótimos para toda a sociedade, o que estamos aqui celebrando é a nossa união, que é mais forte do que qualquer polêmica”, disse Gheyson. Eles e os outros dois homossexuais foram aplaudidos ao entrar na Pirâmide pelas pessoas da arquibancada, que estava lotada.
O evento foi mesmo de inclusão, pois quem entrou primeiro no local foi José Pereira da Silva, de 63 anos, que não tem os membros inferiores. Ele chegou de cadeiras de rodas e a mulher, Maria Beatriz, de 30 anos, ajudou o futuro marido a se locomover. “Eu estou muito feliz”, era o que dizia várias vezes sem intervalo o cadeirante.
de rodas e foi recebido pela esposa Maria Beatriz
(Foto: Rafael Melo/G1)
Suênia Gomes Barbosa já era companheira de Adriano Silva Santos há 13 anos e o casal tem duas filhas. Eles aproveitaram a ocasião para oficializar civilmente a união. “Ele não queria, mas eu bati o pé e disse que teria que se casar. Fui eu que o pedi em casamento, aliás, que obriguei”, brincou a Suênia sorridente.
As noivas passaram a tarde se aprontando no Centro Cultural, dentro do Parque do Povo, local da festa junina da cidade. Elas receberam os serviços de maquiagem e cabelo e foram vestidas com as roupas cedidas pela organização do evento.
Os noivos chegaram no começo da noite, uma fila se formou e o cortejo saiu em caminhada pela festa em direção à Pirâmide Jackson do Pandeiro. No local, tapete vermelho, ornamentação com flores, muitas cores do São João e a Orquestra Filarmônica Epitácio Pessoa ecoando a marcha nupcial durante quase uma hora até que todos entrassem, posassem para as fotos e se sentassem.
O juiz Kéops de Vasconcelos dirigiu a cerimônia passando uma mensagem aos casais sobre a responsabilidade civil da união e da necessidade do amor. Após o momento, os noivos trocaram as alianças, fizeram o juramento e dançaram a valsa de casamento em ritmo de forró por causa das festas juninas. Eles ainda ganharam o bolo para comemoração e os espumantes para o brinde. No fim, todos curtiram o momento único dentro do Maior São João do Mundo com o show de Lucy Alves.
Rafael Melo Do G1 PB