O Brasil não é somente agro… Sete de setembro me desperta a memória de fatos que aconteceram na minha vida, além o de estudar o Grito do Ipiranga. Destaco uns marcantes, como aquele em que a linda professora Francinete, “que me ensinou o bê-a-bá”, no Grupo Escolar Doutor José Maria, de Pilar, fazia-me desenhar nossa amada bandeira, com lápis de cor verde, azul e amarela. Destaco também ser esse dia 7, de 1966, quando parti de Guarabira para Roma, não a de Bananeiras, mas a da Itália, capital da Província do Lazio. Viajei para ficar quatro anos nessa região romana. Eram 7 horas, na Praça da Avenida Pedro II, quando tomei o ônibus Expresso Paraibano, de Gustavo Amorim, que me levou ao Rio de Janeiro para embarcar no prazeroso navio Giulio Cesare e desembarcar no Porto de Napoli, no dia 27 de setembro, dia de São Cosme e Damião, então festejado na embarcação por ser meu aniversário onomástico. Essa data também festeja a minha sobrinha, filha da querida irmã Marilene, a inteligente arquiteta Raissa, que nasceu às 7 horas, de 7 de setembro de 1970: autêntica setembrina, como diz o pai Fernando Freire.
Quando, menino, desenhava nossa amada Bandeira, na escola, e a linda “professorinha” fazia ecoar: “O verde que é ?” e nós bradejávamos: “Nossas matas!”. E ela continuava: “ E o amarelo e o azul?” , então bradávamos : “Nosso ouro e nosso céu!”. Somente depois, no Colégio Nossa Senhora da Conceição, de Itabaiana, a Irmã Lenice veio explicitar que o ouro não era somente ouro, mas também outras inúmeras riquezas, sobretudo o “ouro negro: o petróleo”. Em seguida, ela nos fazia ler Monteiro Lobato, alertando que o Brasil tem muito esses recursos, verdade, bem antes da descoberta do Pré-sal. Já nos anos 60, no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, seu Reitor e depois Dom Luís Gonzaga Fernandes inteirava-nos que Getúlio Vargas creditou, nas palavras de Monteiro Lobato, a criação da Petrobrás, em 1953. Padre Marcos Trindade discernia quem foi e quem ainda era contra a existência do Petróleo e consequentemente da Petrobrás; e o Padre Juarez Benício nos conscientizava das consequências ideológicas dessa luta, inclusive da maquinação para Getúlio “sair da vida para entrar na História”… Juarez lembrava ainda que países árabes, com tanto petróleo como o Brasil, defendem tal imenso e perene tesouro, debaixo das suas terras e dos seus mares, com metralhadoras, canhões e religiosidade, para não dizer com ideologia. Por sua vez, Padre Francisco Pereira Nóbrega, filósofo viajante, escritor e cronista, hoje imortal da cadeira 33 da APL, completava que em tais ricos países e exploradores de petróleo e de gás, como são os casos do Irã, Qatar, Arábia Saudita, Turcomenistão, Emirados Árabes e Argélia que compete com a Rússia como o segundo dos maiores exportadores de gás natural, no mundo, ninguém é visto morando nas ruas, passando fome e desempregado, mostrando nos braços crianças subnutridas para criar.
Aqui, às nossas vistas, aprofundam o desmonte da Petrobrás, no Rio Grande do Norte, entregando aos eventuais compradores estrangeiros, e evitando os brasileiros sem recursos para comprá-los, poços de petróleo em terra e mar, enquanto se insiste que nós somos um povo vocacionado ao agro, ao contrário, mostrando-se dutos ou canos enferrujados, persegue-se a Petrobrás, porém tida no ranking internacional como uma empresa de sucesso. Tais indicadores mundiais a consideram, “do poço ao posto”, uma empresa exitosa. Essa “epidemia” de interesses escusos está matando todas as refinarias da Petrobrás , no Nordeste… Por isso, deveríamos repetir Monteiro Lobato: “O petróleo é nosso”, e agora, Viva a Petrobrás! Não esqueço, faixas das então “calouradas” universitárias que estampavam esse amor às coisas e à cultura da nossa Nação, sob os aplausos dos cidadãos brasileiros, fossem trabalhadores, estudantes, professores, religiosos, intelectuais ou militares, como o nacionalista e constitucionalista Marechal Henrique Batista Duflles Teixeira Lott, que concorreu com o então Jânio Quadros à Presidência da República. Nesse dia 7, deveria ser nosso Grito da Independência, atual, diferente em forma, daquele do Ipiranga. Ou, contradizendo a mídia, que o Brasil não é apenas agro, mas também é, sobretudo, sua gente, sua cultura, seus minérios, petróleo, gás e pedras preciosas.
Damião Ramos Cavalcanti