– Via Nossa Senhora do Rosário!
– Viva!
– Viva os amigos da cidade de Pombal!
– Viva!
– Viva Daguia!
– Viva!
Com as saudações os Pontões de Pombal encerram a apresentação na procissão de Nossa Senhora do Rosário, no primeiro domingo de outubro. Os maracás presos nas lanças enfeitadas com fitas coloridas que os negros seguram marcam o ritmo da banda cabaçal: tambor, prato, fole e pífano. Na Igreja Nossa Senhora do Rosário, construída em 1721, o sincretismo exalta a santa e acende a tradição dos quilombolas dos Daniel, comunidade que vive na cidade.
Eles se apresentam em dois cordões, o vermelho e o azul, e obedecem as indicações do capitão Clóvis. Ao som do apito os pontões avançam, cruzam-se ou recuam, sempre balançando os maracás. “Se os pontões não abrem a festa, ela não acontece”, acredita o capitão. Eles dançam fora da igreja, entram com reverência, fazem a “venda”, uma saudação à Nossa Senhora do Rosário, e saem.
A Festa do Rosário de Pombal tem ainda representações negras dos Congos e o Reisado. O primeiro grupo acompanha a procissão até a igreja e visita as famílias dos moradores e, convidados a entrarem na casa, dançam e se apresentam.
O Reisado é formado por três grupos folclóricos, ritmados pelo violão, pandeiro, apito e o sapateado. Eles cantam e encenam a “Embaixada e a Guerra”. O drama “narra o que poderia ser uma revolta na corte do rei, comandada pelo secretário. O Mateus é consultado sobre a duração da guerra e verifica as horas em um relógio sem ponteiro. A sequência é encerrada com uma exaltação cívica à bandeira brasileira”, cita Verneck Abrantes de Sousa, historiador de Pombal.
Igreja do núcleo imperial no Sertão
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é uma relíquia histórica do primeiro núcleo imperial no Sertão da Paraíba.
No altar principal nenhuma figura se repete, estruturas, formas, cores, entalhes têm uma riqueza de detalhes típica do Barroco. O altar a São Sebastião é ornado pelo Barroco Rococó, o de São Miguel Arcanjo traz o Barroco Tropical e a pintura do painel da Ceia Larga, da Sala do Santíssimo, foi lavada descuidadamente e escureceu. Será restaurada. A pintura marmorizada das colunas imita a pedra.
O Cruzeiro em frente da Igreja marca a passagem do século 17 para o 18. O Cruzeiro que marca a passagem para o século 19 está caído e fica próximo da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba. E o Cruzeiro que entrou o século 20 está na entrada da cidade. O pombalense aguarda a referência que acenará ao século 21, uma era de velocidades vertiginosas que jamais afetará as tradições seculares.