Cinco estudantes identificados como líderes da invasão à reitoria da Universidade de Brasília foram convocados pela 9ª Vara Federal a prestar esclarecimentos em até 15 dias úteis sobre a ocupação ao prédio, que durou cinco dias e terminou após determinação judicial. Uma delas, Jaqueline Cardoso, de 22 anos, chegou a tirar a roupa enquanto aguardava a chegada do reitor Ivan Camargo. Ela disse que tomou a decisão porque ficou indignada com a postura do administrador, que em todos os momentos pedia que o grupo retirasse o capuz.
“A gente não é baderneiro. Tocaram o terror, que polícia ia entrar, que ia prender. Hoje foi a mesma coisa”, disse Jaqueline. “Mostre a desgraça para a UnB, para a Brasília, o Brasil inteiro, do que é ser líder estudantil na UnB. Estamos fedidos, nus e outros lá embaixo, encapuzados sendo chamados de fuzileiros, black blocs e nazistas.”
Os estudantes protestavam contra a punição de oito alunos suspeitos de pular as catracas do restaurante universitário em 2013 e liberar a entrada de outras pessoas, gerando um prejuízo de R$ 29 mil. O reitor assinou nesta noite um documento em que se comprometia a reabrir as investigações sobre o caso, conduzidas pelo Conselho de Administração da UnB. Ele não quis conversar com a imprensa e deixou o local bastante emocionado.
Os cinco estudantes vão receber assistência da Defensoria Pública da União, já que são de baixa renda. Graduanda em ciências sociais, Jaqueline está há cinco anos na UnB e mora em Samambaia.
Funcionários da UnB afirmaram que o elevador utilizado pelo reitor foi quebrado durante a ocupação dos estudantes. Eles também disseram que uma porta de vidro que dá acesso à área externa do gabinete do reitor e duas lâmpadas foram danificadas. O grupo nega e diz que os prejuízos foram causados pelos próprios servidores. Os estudantes desocuparam o prédio na noite desta terça-feira, depois que a juíza federal Luciana Raquel Tolentino de Moura expediu novo mandado de reintegração de posse e autorizou o uso de força policial para retirá-los. Eles estavam mascarados e desceram as rampas acompanhados de duas oficiais de Justiça. Havia cerca de 40 alunos no local.
Mais cedo, os estudantes, representantes da reitoria e defensores públicos da União negociaram a desocupação do prédio. O reitor Ivan Camargo propôs a reavaliação do processo administrativo e sugeriu que os estudantes sejam defendidos por defensores públicos. Durante a tarde, o grupo votou pela liberação do espaço, desde que o reitor assinasse a extinção das ações.
Além disso, a água e a luz da reitoria foram restabelecidos depois que o grupo cedeu e liberou a rampa de acesso a parte dos decanatos.
Nesta segunda-feira (9), estudantes e servidores realizaram uma manifestação musical a favor da democracia e contra ações violentas dentro da instituição. O encontro foi organizado via redes sociais, depois que o professor Roberto Ellery questionou a postura dos alunos que ocupam a reitoria.
G1