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CLUBE DE HISTORIA EM ; O espaço aberto da democracia

O espaço aberto da democracia 

Creio que podemos proteger e preservar o espaço aberto da democracia através de
um sentimento de indignação saudável, capaz de derrubar a complacência que se instalou
na nossa sociedade, em nome de tudo aquilo que julgamos ter perdido, e nos recorde o
muito que ainda resta para salvaguardar.
A que se assemelha o espaço aberto da democracia?
No espaço aberto da democracia, há sempre lugar para as diferenças. A saúde do
ambiente é vista como sendo a riqueza das nossas comunidades. A cooperação é mais
valorizada do que a competição e a prosperidade assume a responsabilidade pela pobreza.
As humanidades deixam de ser periféricas e tornam-se na verdadeira essência do que
significa ser humano.
No espaço aberto da democracia, a beleza não é opcional, mas antes essencial para a
nossa sobrevivência como espécie. E a tecnologia não é um serviço prestado à custa da vida,
mas baseia-se antes numa atitude de reverência para com a vida.
O espaço aberto da democracia providencia justiça para tudo o que vive — plantas,
animais, rochas, rios e seres humanos. É um contexto que encoraja a diversidade e
desencoraja a conformidade.
A democracia pode, também, ser confusa e caótica e, por isso, requer paciência e
persistência. No espaço aberto da democracia, cada voto conta e cada voto tem de ser
contado.
Quando as mentes se fecham, a democracia começa a fechar-se. O medo instala-se e
o silêncio substitui o diálogo. A retórica finge que é pensamento e o dogma disfarça-se de
ideia. Dizem-nos o que fazer, e ninguém nos pergunta o que pensamos. A mentira torna-se
mais poderosa do que a verdade, e as imagens da televisão acabam por substituir as
histórias reais.
Uma democracia aberta inspira sabedoria e fomenta a dignidade da escolha. Uma
sociedade fechada inspira terror e a tirania dos clichés. Deixamos de ser cidadãos e
passamos a ser clones fabricados pelos meios de comunicação, sem ter a noção de quem
somos e por que motivo estamos sozinhos. A letargia sobrepõe-se à participação, e
tornamo-nos presas do cinismo da nossa própria resignação.
Quando a democracia desaparece, somos supostos aceitar as coisas como elas “são”.
Terry T. Williams